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Capitulo Dezesseis

quarta-feira, 4 de abril de 2012.
- Então é verdade. – disse ele.

Marco levantou-se e me ajudou a levantar também.

- Sim, nós estamos juntos. – disse Marco.

Ele olhou-me com uma expressão que eu não soube identificar bem. Era algo como angustia, raiva, tristeza tudo misturado.

- Como você pode? – ele disse com a voz fria fitando intensamente ao Marco.

- Eu não planejei isso, Diogo! – Marco se defendeu.

- Não?! – disse Diogo descrente. – Todo aquele papo de ‘somos apenas amigos’. Enquanto eu pensava numa forma de conquistá-la você me apunhalava pelas costas!

Eu estava atônica. Diogo planejando me conquistar? Oh, Deus, mais essa!

- Eu não o apunhalei, Diogo. As coisas entre eu e a Mel foram acontecendo, nós nos amamos e isso não se controla.

- Vocês se amam? Ela te ama?! – ele disse enraivecido. – Era para ela amar a mim, não a você!

- Pelo amor de Deus, não briguem! – eu disse, mas eles me ignoraram totalmente.

- Era para ela amar-te?! – disse Marco. – Como se ela fosse obrigada a isso! Diogo, nós não mandamos no coração! Ninguém pode escolher quem amar!

- Mas ela poderia ter me amado se você não tivesse se intrometido no caminho. Você sempre quer o que é meu não é, Marco?! Sempre tentando ser melhor! Ela ainda vai ser minha, Marco!

- Ela nunca será sua, Diogo!

- Dá para vocês calarem a boca! – eu disse gritando. – Eu não sou um objeto para pertencer a ninguém! Não sei se vocês perceberam, mas eu sou uma pessoa e não pertenço a ninguém a não ser a mim, mesma! Vocês ficam ai falando de mim como se eu não estivesse aqui. Como se eu não tivesse escolha sobre a minha vida!

Eles me olharam surpresos, aparentemente tinha esquecido da minha presença no calor da discussão.

- Desculpe, meu amor. – disse Marco olhando-me docemente.

- Meu amor. – disse Diogo debochado. – Você ainda vai se minha, Melany. Pode apostar. – disse saindo.

- Amor, desculpe por te ignorar, mas é que eu fico um tanto nervoso quando alguém quer tirar você de mim. – ele disse e eu o olhei de cara feia.

Ele olhou-me sem entender por um segundo até que num estalo lembrou.

- Pardon, mon amour, não que você seja uma propriedade pertencente a mim. – disse ele envergonhado.

- Assim não vale. – eu disse.

- O que? – ele disse perdido.

- Você sabe que quando fala em francês e com esse sotaque eu fico sem defesa. – eu disse sorrindo de lado e indo abraçá-lo.

- Bom saber. – ele disse me abraçando de volta. – Vou usar isso mais vezes!

Eu sorri e nós nos beijamos até que ouvimos a porta do ginásio abrir novamente.

Já estava esperando por um Diogo cheio de raiva de novo, mas para minha surpresa não era!

Carol e Isabel entraram incertas e quando nos viu abraçados deram um sorriso maroto.

- Então é verdade?! – disse Carol eufórica.

- Sim. – eu disse envergonhada.

- Ah! Que fofo! – disse Carol e Isabel juntas e vieram me abraçar.

Desvencilhei-me de Marco e abracei-as apertado!

- Eu estou tão feliz por vocês, amiga. – disse Isabel.

- Eu também, Mel. – disse Carol. – Só não vai nos abandonar só por que agora tem um namorado, e que namorado, hein?!

Eu sorrir olhando para Marco que nos olhava divertido.

- Olha lá como fala do meu namorado, hein?! – falei fingindo ciúmes.

Todas nós rimos alto.

- Meninas, só uma coisa. Como é que vocês sabem que nós estamos namorando? – eu perguntei. Isso era uma coisa que eu queria saber desde que Diogo tinha nos interrompido mais cedo.

- As noticia correm, minha amiga. – disse Carol rindo.

- Bem, uma vampira começou com essa história ontem e sabe como é, não é?! Essas coisas se espalham como fogo numa floresta seca. Toda a Academia já sabe. – disse Isabel.

- Oh, Senhor! Que vergonha. – eu disse olhando para o Marco.

- O que você queria, querida? Você conseguiu conquistar o cara mais cobiçado de toda a Academia e que aparentemente nunca se interessou por ninguém aqui. – Carol disse sorrindo.

- Ainda mais do jeito que foi! – disse Isabel. – Marco Sartre pedindo uma novata em namoro de joelhos no corredor da academia? Isso é um fato histórico!

Marco veio até nós e abraçou minha cintura pelas costas. Eu sorri ao sentir seus lábios em meus cabelos.

- Eu me ajoelhei e faria de novo se fosse preciso. – ele disse me olhando com amor.

Ah, meu pai do céu, como eu amo esse dampiro!

- É, Bel acho que estamos sobrando por aqui. – disse Carol.

- Ai, ai... Parece que perdemos nossa amiga, Carol. – Isabel disse.

- Ah, parem com isso, meninas! Eu sou a mesma de sempre e não vou largar você só por que estou namorando.

- A mesma não, agora você é uma Melany apaixonada! – disse Carol e todos nós sorrimos.

- Meninas, como descobriram que estávamos aqui? – perguntou Marco.

- Encontramos com o Diogo no corredor e eu perguntei se ele havia visto a Mel, ele disse que ela estava no ginásio. – disse Isabel.

- Deixe-me lhes dizer, ele não estava com a sua melhor expressão. Na realidade ele parecia com muita raiva. – disse Carol.

- É parecia. – disse Isabel pensativa. – Bem, Mel, você vem almoçar conosco?

- Sim, mas antes eu tenho que ir ao meu dormitório tomar um banho e trocar de roupa.

- Então nos encontramos no refeitório daqui a uns quinze minutos, pode ser? – disse Isabel.

- Sim, até mais meninas!

- Até. – disseram juntas.

- Te acompanho até seu dormitório. – disse Marco.

- Tudo bem.

Guardamos tudo que tínhamos usado e fomos de mãos dadas para o meu dormitório. No caminho varias pessoas nos olhavam surpresas por constatarem que realmente estávamos namorando. Todos encaravam nossas mãos dadas. Eu sorri.

- O que é engraçado? – perguntou Marco.

- Todos estão nos olhando.

- Isso é por que eu estou com a garota mais linda desse lugar. – ele disse me olhando com amor e sorrindo aquele sorriso que eu tanto amo. Eu sorri de volta.

- Então é verdade! Vocês estão mesmo juntos! – disse uma voz atrás de nós.

Olhei para trás de nós e vi Alex todo sorridente.

- Sim, cara. Estamos juntos! – disse Marco.

- Parabéns, pombinhos! – disse Alex divertido. – É, Marco, a garota mal chegou e você já pegou-a para si!

- Eu não peguei ninguém, Alex. – disse Marco, sério.

- Oh, desculpe, casal! – ele disse sorrindo. – Marco, meu caro, cuide bem da minha amiga, hein?!

- Vou cuidar muito bem.

- E você, Mel, cuide bem do meu garotão aqui. – ele disse rindo e dando tapas nas costas de Marco.

- Pode deixar Alex. Eu cuido. – eu disse rindo também.

- Até mais casal. – disse Alex indo embora.

Chegamos ao meu dormitório e Marco se jogou na minha poltrona enquanto eu tomava banho.

Vesti uma roupa leve, um shortinho jeans e uma regata azul, calcei sandálias rasteiras, penteei os cabelos, passei máscara para cílios, gloss e estava pronta.

Quando saí do banheiro Marco ainda estava jogada em minha poltrona, mas levantou assim que me viu.

- Amor, vamos lá no meu dormitório para eu tomar banho?

- Claro, meu bem. Vamos!

No caminho mais olhares de lado.

- Acho que as pessoas vão demorar um pouco para se acostumarem conosco juntos. – eu disse.

- Eu não estou nem ligando. O importante é que nós estamos juntos! – ele disse sorrindo.

O dormitório de Marco era grande e, por incrível que pareça, ele também não tinha colega de quarto. Sua cama de casal era coberta por uma colcha verde e seus travesseiros também tinham capas verdes, havia uma poltrona parecida com a minha, uma estante grande abarrotada de livros, dois criados-mudos, uma mesa com cadernos, livros, papeis e canetas em cima, uma mesa para computador, o computador e algo que me surpreendeu, na parte superior da mesa havia um porta-retrato com uma foto minha que eu nem sabia que havia sido tirada.

Ah, mas esse Marco! – pensei sorrindo.

Em frente a mesa do computador tinha uma cadeira giratória, um frigobar igual ao meu, mas não existia microondas no dormitório, tinha também um guarda roupas bem grande.

Marco saiu do banheiro vestido com uma bermuda preta e camiseta branca, com o cabelo levemente bagunçado. Ele estava tão lindo!

- Vamos? – disse ele pondo algo que eu não vi direito no bolso.

- Vamos. – eu disse.

Ele pegou minha mão e fomos para o refeitório mostrar a todos que estávamos juntos e felizes!


***

Mais tarde no meu dormitório peguei-me pensando onde estaria Daniel. Ele disse que chegaria no máximo naquela manha, mas até agora nem sinal dele. Será que aconteceu algo?! Será que quem quer que está atas de mim resolveu ir atrás dele?!

Oh, meu Deus!

Batidas foram ouvidas na porta. Marco, que estava deitado comigo da cama levantou-se para abrir a porta. Ao abri-la deu de cara com um Daniel muito preocupado e sério.

- Olá, Sr. Lisli.

- Você deve ser o Marco, certo?

- Sim, eu mesmo.

- Muito prazer, Marco. – disse estendendo a mão para cumprimentar Marco.

- O prazer é meu Sr. Lisli!

- marco, chame-me de Daniel, por favor. Sinto-me tão velho quando me chamam de senhor! – disse Daniel sorrindo de lado, porem seu olhar continuava sério e preocupado.

- Ok, Sr... Daniel! – disse Marco corrigindo-se.

- E como está minha menina? – disse Daniel entrando no quarto.

- Melhor agora que você chegou, pai! – eu disse correndo para abraçá-lo.

- Oh, minha menina! – disse ele me abraçando de volta. – Fique tranquila que nada de ruim vai acontecer.

Abracei-o mais apertado e depois o soltei e dei um passo para trás.

- Marco, muito obrigado por ter cuidado da minha menina.

- Não tem de que, Daniel.

- Pai, por que demorou tanto?

- Oh, meu bem, eu cheguei já faz tempo. Estava na sala da Sra. Carmem.

- Achei que quando chegasse viria logo me ver. – eu disse fazendo beicinho.

Ele sorriu.

- Tinha que conversar com ele urgentemente sobre o que aconteceu e como sabia que Marco estava contigo não fiquei preocupado com a sua segurança.

Eu sorri olhando para o Marco, que sorriu de volta.

- Bem, ela me disse que, você, Marco se disponibilizou para era o guardião da Mel. Você tem certeza disso? É uma grande responsabilidade e uma que você terá que carregar para o resto dos seus dias!

- Eu tenho certeza, Daniel. Cuidar da nossa Mel será minha prioridade daqui em diante.

- ‘Nossa Mel’? – disse Daniel com uma sobrancelha erguida para mim.

- Er... Hum... É... – eu comecei a gaguejar.

- Nós estamos juntos, Daniel. Eu a amo! – disse Marco me abraçando pela cintura e sorrindo.

- Você a ama? – disse Daniel.

- Sim – disse Marco – com todo o meu ser.

- Eu também te amo. – eu disse sorrindo para Marco.

- Sim, bem... Oh, Jesus! Minha menininha cresceu! – disse Daniel emocionado.

- Ah, pai! – eu disse sorrindo. – Eu já cresci há muito tempo!

Ele sorriu vindo me abraçar. Soltei-me de Marco e abracei-o.

- Bem – disse Daniel me soltando – conversei com Carmem e vou contratar um vampiro detetive para investigar de onde partiu e quem fez a ameaça. E eu vou precisar do seu celular, meu bem, mas pode deixar que eu vou te dar outro amanha mesmo, ok?

- Ok, pai. – eu disse pegando meu celular e entregando a ele. – E quando o senhor volta par o Rio?

- Amanha pela manhã. Tenho negócios para resolver, mas quero ver se consigo transferir meu escritório para cá. Não vou deixá-la aqui sozinha. Mesmo tendo o Marco por perto.

- Será que é realmente preciso, pai? A Academia é bem protegida e o Marco está sempre perto de mim. Não quero atrapalhar seus negócios.

- Minha filha, você realmente acha que eu estaria tranqüilo lá sabendo de tudo o que aconteceu mesmo a Academia sendo bem protegida e que, agora, você tem o Marco?

Eu entendi. Ele não conseguiria, eu não conseguiria se fosse o contrario. Eu assenti e dei-lhe outro abraço.

- Agora eu vou deixá-los, pois ainda tenho que conversar com o vampiro detetive.

- Ok, pai. Quem é esse vampiro?

- Mel, eu não posso dizer, pois ele pede total discrição e é melhor para você não saber quem ele é.

- Tudo bem, pai!

- Então, Marco, cuide muito bem da minha menina, hein?!

- Pode ter certeza que eu cuidarei, Daniel.

Daniel assentiu, me deu um beijo na testa, apertou a mão de Marco e saiu.
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Capitulo Quinze

No domingo acordei bem cedo com meu celular tocando. Era uma mensagem.

“Mel, me encontre no ginásio, por favor. Te amo, Marco.”

Senti um sorriso bobo se espalhar pelo meu rosto. No dia anterior, Marco tinha ido comigo para o meu dormitório e passado o resto do dia lá comigo. Vimos filmes e comemos pipoca, tarde da noite ele foi embora.

Carol me ligou, mas eu não atendi, ainda não sabia o que dizer aos meus amigos. Ainda estava assustado com aquela ligação e, também, não sabia como lidar com estar namorando o cara mais cobiçado da Academia.

Mas hoje não ia ter jeito. Eu teria que encarar a todos, mas isso poderia ser adiado até o almoço. Agora eu iria encontrar o meu namorado. Nossa, a pesar de estar super feliz, ia ser difícil me acostumar com essa história de estar namorando o Marco ‘delicia’.

Tomei meu banho e me vesti com roupa de ginástica. Arrumei minha cama e saí sem, nem mesmo, tomar um pouco de sangue.

Quando cheguei ao ginásio Marco estava lá em pé de frente para um dos bonecos de treinamento. Ele estava vestido com sua calça preta larga de ginástica – como sempre -, com uma camisa sem mangas azul e tênis preto, seu cabelo curto encontrava-se levemente fora do lugar pelos movimentos do treino.

Fiquei uns minutos parada na porta observando-o. Ele era surpreendente. Sua habilidade com a luta era incrível. Além dos socos ágeis, que eu já sabia que ele dava, hoje também tinha os chutes. Chutes magníficos, rápido, fortes, certeiros...

E de repente ele para, vira lentamente e me olha nos olhos. Seus olhos estão quentes, profundos, intensos, calmos, amáveis... Ele sorriu aquele meio sorriso que me deixa sem ar.

Eu sorri de volta. Dentro de mim um misto de emoções se agitam e giram como um furacão. Fascínio, admiração, felicidade, amizade, confiança, medo – sim medo por tudo ter sido um sonho -, paixão... Amor.

Ele veio em minha direção e conforme se aproximava seu sorriso aumentava. Quando chegou perto de mim ele parou e continuou sorrindo olhando-me intensamente.

Vi uma de suas mãos levantarem-se. Com ela acariciou meu rosto ternamente.

Eu sorri.

Sua mão foi em direção a minha nuca ele chegou mais perto, sua outra mão envolveu minha cintura me aproximando mais a ele. Sua boca se pressionou levemente a minha, sua língua passou pelo meu lábio inferior pedindo passagem, que eu alegremente dei. Minhas mãos foram para o seu pescoço e o puxei levemente para mim.

O beijo começou calmo, doce, mas depois ficou mais intenso cheio de desejo. Ele nos pressionou mais juntos.

Que corpo, que lábios. Deus, como ele beija bem!

Definitivamente eu não tinha sonhado. Esse beijo foi muito melhor do que os de ontem.

Nem sei quanto tempo ficamos nos beijando, só seu que quando nos separamos até eu – que não preciso respirar -, estava ofegando.

Ele me abraçou e sussurrou no meu ouvido:

- Oi, estava ansioso para te ver de novo, preocupado e... com saudades. – depois deu uma leve mordidinha na minha orelha.

Eu ofeguei.

Ele sorriu.

- Também estava com saudades. – disse plantando pequenos beijinhos em seu pescoço.

Ele estremeceu.

Continuei beijando seu pescoço até chegar exatamente em cima da sua jugular. Deus como ele cheirava bem! Peguei-me perguntando a mim mesma qual seria o sabor de seu poderoso sangue. Minhas presas estenderam-se por reflexo e suas pontas afiadas encostaram levemente na fina pele do pescoço de Marco.

Ele enrijeceu.

Eu me arrepiei. Desejo e vergonha tomaram conta de mim. Tentei me afastar, mas Marco não me deixou ir muito longe. Suas mãos se apertaram a minha cintura não me deixando escapar.

Abaixei a cabeça. Não conseguia encarar seus olhos.

Lentamente Marco levantou meu queixo com a mão, me fazendo encarar seus olhos cheios de carinho.

Desviei o olhar. A vergonha me consumindo.

- Desculpe. – eu disse num fio de voz.

- Não tem do que se desculpar, Mel. – disse ele calmamente. – Isso é parte do que você é. Já se alimentou hoje?

- Não. – eu disse ainda não tendo coragem e olhá-lo nos olhos.

- Olhe para mim, Mel.

Devagar levantei meu olhar e forcei-me a encará-lo.

- Você é linda. – ele disse com seu meio sorriso perfeito. Não consegui não sorri de volta.

- Assim você me deixa envergonhada.

- Só estou dizendo a verdade. Está pronta para treinar um pouco agora?

- Sim.

Fomos para o final do ginásio e começamos – não, eu comecei -, com um aquecimento, já que Marco já estava treinando antes. Como sempre começamos com corrida, levantamento de peso, abdominais e depois fomos para os bonecos de pratica.

Marco me ensinou uns movimentos de luta e ficou observando-me. Fazendo observações, indicando melhores jeitos de realizar os movimentos.

- Muito bem, Mel, você está se saindo muito bem mesmo. Mas, agora, que tal nós fazermos um treinamento corpo-a-corpo? Assim você pode testar suas habilidades com alvos em movimento, alvos que não vão ficar parados esperando você bater. – Marco disse umas horas depois.

- Como assim? Com você?

- Sim comigo, algum problema?

- Claro que tem problema! Com você não vale. Você é muito mais forte, rápido, alem de ser muito maior do que eu. – eu disse.

- Os lobisomens e, muito provavelmente, seus inimigos também serão assim. Maiores, mais fortes e rápidos do que você.

Eu estremeci.

- Certo, você tem um ponto. – eu disse fazendo bico e ele sorriu, me beijou ternamente nos lábios e disse:

- Vamos começar?

- Vamos.

- Venha.

Eu muito a contragosto segui-o para o centro do ginásio. Posicionamos-nos e começamos. Marco não estava sendo bonzinho comigo. Seus ataques eram precisos e rápidos, os meus nem tanto. Eu desviava dos seus socos e chutes com muita dificuldade. Depois de um bom tempo tentando eu consegui atacá-lo e derrubá-lo, mas ele me levou junto e eu caí por cima dele e tentei imobilizá-lo. Ele rolou ficando em cima de mim e disse sorrindo:

- Te peguei. – e com isso beijou-me.

Ouvi passos em seguida a porta abrindo.

Marco levantou a cabeça para olhar quem havia chegado, assim como eu...
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Capitulo Quatorze

Congelei!

Perdi a noção de tempo e espaço, nada a minha volta era sólido para mim. Senti meu corpo ficar mole.

Um medo avassalador tomou conta do meu ser, apesar de não fazer idéia do porque da ameaça velada.

Eu não estava me escondendo!

Meu Deus, mais essa agora!

Olhei para o Marco e sua expressão me assustou. Com certeza ele tinha ouvido o que aquela voz, completamente estranha para mim, disse...

- Mel! Você esta bem?! – disse Marco com o tom de voz preocupado. Ele me segurava de uma forma estranha, aparentemente meu corpo tinha ficado pesado demais para minhas pernas o sustentar.

- Sim. – eu disse com a voz baixa. – Preciso falar com Daniel!

- Sim, meu amor, mas quem era?

- Não faço a mínima idéia Marco. – solucei. – Eu estou com medo!

Ele me abraçou e as lagrimas vieram.

Depois de algum tempo eu já estava mais controlada, apesar de não estar nada calma! Peguei meu celular e liguei para o Daniel, ele atendeu no primeiro toque.

- Pai! – eu disso ainda fungando por conta do choro.

- Mel?! O que houve? Por que você está chorando? Está tudo bem? Mas algum daqueles sintomas estranho? Mel, fala alguma coisa! – ele disse tudo isso rápido de mais, não me dando oportunidade de falar.

- Pai, uma pergunta de cada vez! – eu disse tentando acalmá-lo para que pudesse contar a má notícia.

- Ok, então comece a falar por que a senhorita esta chorando. – ele disse cheio daquela autoridade de pai.

- Pai, - funguei de novo. – acabei de receber um telefonema...

- Quem era? A Luiza? – ele disse me interrompendo.

- Não. Eu não sei quem era, mas a mensagem foi bem clara. Era uma ameaça, pai! Eu estou apavorada! Ele disse que não adianta eu me esconder aqui na Academia! Meu Deus, pai, eu não estou me escondendo de ninguém! – comecei a chorar de novo, em desespero.

- Como assim, ameaça? Quem ousa ameaçar a minha menininha? – Daniel estava revoltado! – Estou indo para a Academia agora!

Minhas mãos tremiam e os soluços eram altos. Marco pegou o celular da minha mão e falou com Daniel.

- Senhor Lisli, aqui é o Marco Sartre. Eu prometo cuidar da Melany enquanto o senhor não chega. Protegerei-a com a minha vida se for preciso!

Eu ainda estava um pouco desorientada pela ameaça, então nem fiz questão de prestar atenção a conversa dos dois.

Um tempo depois Marco me devolveu meu celular, juntou nossas coisas, me abraçou fomos e em direção ao prédio principal da Academia.

Quando me dei conta de para onde estávamos indo parei abruptamente.

- Marco, nós vamos fazer o que na secretaria? – perguntei assustada.

- Reportar o que aconteceu a Sra. Carmem, claro. – ele disse calmamente.

- E a Sra. Carmem está na secretaria hoje?

– Sim, está. – ele disse. – E antes que você reclame, essa foi uma exigência do seu pai. Ele quer toda a proteção que a Academia puder oferecer pra você até ele chegar.

- Típico do meu pai. – sorri um pouco com simpatia.

- Isso é sério, Mel, com essa ameaça nós não podemos deixar você sem proteção.

- Eu sei que é sério, Marco, mas eu estou cansada de chorar, desde que eu cheguei aqui o que eu mais fiz foi isso. Todas essas coisas estranhas acontecendo... – falei com pesar.

- Eu te entendo, Mel. Mas agora vamos falar logo com a Carmem! – ele disse me abraçando.

Chegamos a recepção da secretaria e Helen, a secretária, estava sentada à sua mesa.

- Olá, Helen, será que podemos dar uma palavrinha com a Sra. Carmem?

- Olá, vou falar com ela para ver se ela poderá recebê-los. – disse Helen com simpatia.

Dois minutos depois ela voltou e mandou-nos entrar.

- Olá, crianças! Em que posso ajudá-los hoje? – disse Carmem.

- Olá, Sra. Carmem, temos algo muito importante para conversar com a senhora. – Marco disse sério.

- Sentem-se, por favor. – desse Carmem também ficando séria.

- Carmem, hoje eu e a Melany estávamos fazendo um trabalho de Literatura, quando a Mel recebeu um telefonema estranho. – começou Marco. – Ele a ameaçou, Carmem, ele sabe que ela está na Academia e pelo que ele disse, ele quer pega-la!

Eu estremeci e Marco me abraçou.

A Sra. Carmem ficou pálida.

- Mas quem é esse ‘ele’? E por que ele quer pega-la, Melany?

- Essas são respostas que eu também quero Sra. Carmem. Eu não sei quem ele é e nem o motivo pelo qual ele quer me pegar. – eu disse séria.

- Devemos comunicar ao Sr. Lisli imediatamente! – ela disse pegando o telefone sem fio branco que havia em cima da mesa.

- Nós já o comunicamos, Sra. Carmem. – Marco disse. – Ele já está a caminho da Academia. E ele pediu para que reforçasse a segurança da Academia até ele chegar. Ele a quer tão segura quanto possível.

- Sim, é obvio que vamos redobrar a segurança. – disse Carmem. – Quando o Sr. Lisli chega?

- Mais tardar amanha pela manhã. – disse Marco.

- Ok, Marco. – ela virou-se para mim. – Até lá, Srta. Lisli, quero que você, por favor, permaneça em seu quarto. Colocarei um guarda de prontidão em sua porta.

- Desculpe-me, Sra. Carmem, mas acho que deveríamos manter isso em segredo, não há por que deixar os alunos preocupados. E, alem do mais, pode ter alguém daqui de dentro envolvido nessa história. – desse Marco.

- Sim, Marco, mas ela precisa de proteção 24hr. – ela disse.

- Eu me ocupo disso, Carmem. – Marco disse.

- É uma grande responsabilidade, Marco. Isso faria de você um guardião.

- Eu não me importo com a responsabilidade, Carmem, farei o que for preciso para mantê-la segura.

Carmem deu um sorrisinho de canto de boca, provavelmente sentindo que nossa relação era algo mais do que apenas amizade.

- Certo, Marco, e você, por acaso, desconfia de alguém? – ela disse.

- Não, Carmem, mas enquanto não soubermos o culpado, todos são suspeitos! – Marco disse ainda sério.

Carmem concordou com um aceno de cabeça.

- Cuidarei para que os monitores fiquem cientes de que você agora será o guardião dela. - ela disse se levantando. – Vemos-nos amanha, assim que o Sr. Lisli chegar.

Eu e Marco nos levantamos e a seguimos até a porta.

- Cuide dela, Marco. – ela virou-se para mim. – Não se preocupe Melany, nós todos faremos o possível, e se preciso o impossível, para mantê-la a salvo. – Deu-me um beijo na testa e voltou para sua sala.

Eu e Marco saímos e fomos para o meu quarto, no meio do caminho ele pegou minha mão e sorriu aquele sorriso de lado lindo dele.

Eu sorri também.

- Marco, não pense que eu fiquei satisfeita com vocês falando de mim como se eu não estivesse ali, ok?

- Desculpe. – ele disse sorrindo. – Mas eu sou seu guardião e tenho todo o direito de cuidar de você.

- Sabe, Marco, você não precisava fazer isso. Provavelmente eles arrumariam um guarda para cuidar da minha segurança. Você não precisa fazer isso. – eu disse séria, mas muito satisfeita de que era ele e não outro a andar comigo para baixo e para cima por ai.

- Você está brincando? Se você não me quer por perto é só falar... – ele disse.

- Não é isso! É que você deve ter suas coisas para fazer... – eu disse interrompendo-o.

– E eu ia perder a chance de ficar com você o tempo inteiro? Não, muito obrigada! Prefiro mil vezes ficar com você, alem de que, - ele abaixou o tom da voz e falou bem no meu ouvido. – a gente vai poder ficar mais tempo juntos e se beijar muito. – ele sorriu.

Eu também sorri, mas minhas bochechas ficaram vermelhas de vergonha.

- Marco, você não existe!

- Eu existo, sim. E só pra você. – ele disse dando uma gargalhada quando viu minha expressão.

Oh, meu Pai do céu! O que eu fiz para merecer esse ser maravilhoso?! Obrigada, Senhor!

Ele me pegou pela cintura e me deu um beijo, ali mesmo, no meio do corredor!

- Marco! – eu disse rindo. – Alguém pode ver...

- E eu quero mais é que vejam, mesmo. Agora eu vou viver grudado em você! Quero que todos saibam que você é minha e só minha! – ele disse sério, porem com um meio sorriso.

- Territorialismo dampiristico, Marco? – eu disse sorrindo, apesar de não saber se dampiros também são territorialistas.

- Claro! – ele disse. – Não quero ninguém ‘dando em cima’ da minha vampira!

- ‘Sua vampira’? – eu disse arqueando uma sobrancelha.

- Sim, agora eu sou seu guardião e consequentemente você é minha vampira! – ele disse sorrindo. – E minha namorada, também. – disse mais baixo no meu ouvido, novamente.

- Ah, sou sua namorada? Não lembro de nenhum pedido vindo de ti. – eu disse sorrindo de lado.

- Oh, não seja por isso! – ele disse se ajoelhando no chão a minha frente. Não acreditei que ele estava fazendo isso. – Srta. Melany Lisli, você me daria a honra de ser minha namorada? – ele disse com aquela voz rouca e sexy que eu tanto amo.

Nessa hora uma vampira passava pelo corredor e vendo a cena parou com os olhos arregalados. Afinal ver Marco Sartre ajoelhado no chão pedindo alguém em namoro deve ser, realmente, um fato histórico!

Aparentemente querendo nos dar um pouco de privacidade, a vampira se foi.

Mas vermelha do eu pudesse imaginar ficar, eu sorri. Um sorriso lento, levantando levemente os cantos de minha boca, o sorriso se expandindo pelo meu rosto.

- Oh, deixe-me pensar, Marco. – disse com falsa relutância.

Marco me olhou um tanto quanto surpreso. Seu rosto se tornando sério, seu sorriso vacilou.

- Hum... Acho que você tem todo o direito de pensar melhor. – ele disse se levantando.

- Ah, Marco, claro que eu quero! – disse sorrindo e me jogando em seus braços assim que ele ficou de pé.

Ele me abraçou e me beijou lenta e profundamente. E, meu Pai do céu, ele era incrivelmente bom beijando!

Terminado o beijo ele me olhou sorrindo.

- Eu quase pensei que você diria não, Srta. Melany! Nunca mais faça isso novamente, por favor!

- E o que irá acontecer se eu o fizer, Sr. Marco? – eu disse sorrindo.

- Eu serie obrigado e castigá-la Srta. Lisli. – ele disse com um sorriso brincalhão.

- Veremos Sr. Sartre, veremos! - eu disse sorri e beije-o.
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Capitulo Treze

Já era oito e meia quando eu acordei na manhã seguinte. Levantei correndo e fui tomar banho. Enquanto procurava algo para vestir um copo de sangue esquentava no micro-ondas. Vasculhei meu guarda-roupa e acabei decidindo por um short curto de jeans azul e uma blusa rosa bebê tomara-que-caia.

Eu estava terminando de pentear os cabelos quando ouvi três leves batidas na porta. Fui até ela e a abri ainda com a escova de cabelo na mão.

Ele estava lá, lindo como sempre. Vestia uma bermuda de tactel preta e uma camisa de meia manga vermelha, cabelos levemente desarrumados, seu sorriso estonteante e profundos olhos cor de mel que me olhavam intensamente.

- Entra. – eu disse.

- Bom dia. – ele disse entrando.

- Bom dia. Sente-se, já estou terminando. – eu disse indicando uma poltrona ao lado da minha cama. Por acaso, hoje meu quarto estava incrivelmente arrumado, com tudo em seu devido lugar.

O quarto parecia tão pequeno com ele ali dentro.

Coloquei a escova de cabelos no banheiro e me olhei no espelho. Ajeitei os cabelos ainda molhados e sai do banheiro. Calcei meu All Star e fui pegar minha mochila.

Enquanto eu andava pelo quarto podia sentir os olhos de Marco me seguindo.

- Terminei. Vamos? – eu disse virando para encará-lo.

- Claro. – ele disse se levantando. – Eu estava pensando que ao invés de irmos para a biblioteca nós poderíamos ir para o jardim e sentar em uma das mesas de piquenique. O que você acha? – continuou ele enquanto saiamos do dormitório.

- Por mim tudo bem.

Chegamos ao jardim e ele estava vazio. Afinal era sábado as nove da manhã, todos deveriam ainda está dormindo. O dia estava bonito, o sol brilhava e no céu havia poucas nuvens. Sentamos em uma das mesas e eu tirei meu caderno e estojo de dentro da mochila.

- Deixe-me ver as perguntas. – disse Marco. Eu entreguei a folha a ele. – Fiquei sabendo que você deu uma surra em Diogo ontem. – continuou ele distraidamente.

- Eu não dei uma surra nele! – eu disse. – Foi só um soco! E não é culpa minha se ele gosta de assustar as pessoas. Eu estava muito bem correndo distraidamente no ginásio e ele chega sem fazer barulho colocando a mão pesadamente no meu braço. O que você queria que fizesse?

- Calma. Eu não estou te julgando. Confesso até que gostei. Ele ficou desolado por uma vampira nova conseguiu tirar sangue dele. – disse Marco rindo.

- Bem feito. Quem sabe assim ele aprende a parar de susto nos outros.

- Me lembre de nunca te assustar. – ele disse ainda rindo.

- Ha ha! Muito engraçado, Sr. Sartre!

- Sério, como você consegue fazer essas coisas? – ele perguntou.

- Não faço a mínima ideia. E sabe isso é uma merda!

- Por quê?

- Sabe como é todo mundo ficar te olhando de canto de olho? Saber que todo mundo cochicha sobre você? Bem, não deve saber. E isso não é a pior coisa, até por que eu não estou nem aí para o que as pessoas pensam, o pior é que eu não sei a resposta para nenhum das perguntas que ficam rondando a minha cabeça todos os dias.

Nós ficamos em silencio por alguns minutos, só havia o som do vento movimentando as folhas das árvores e o da caneta se arrastando pelo papel. Mas ao invés de ser um silencio pesado e desconfortável era justamente o oposto um silêncio confortável, leve.

- Mel... – eu o olhei. - posso te chamar assim, não é? – Marco disse estranhamente envergonhado.

- Claro, todo mundo me chama assim. – eu disse com um meio sorriso.

- Então, Mel, como foi sua vida depois que você foi adotada?

- Minha vida era ótima. Meus pais adotivos eram maravilhosos, eu tinha muitos amigos, morava em uma casa linda, ela era grande demais só para três pessoas, mas eu gostava de lá. Eu costumava brincar com meus amigos dentro dela, nós corríamos a casa inteira subindo e descendo as escadas. Minha mãe ficava louca, sempre muito preocupada de cairmos. Ela era uma mulher muito bonita, carinhosa e me dava tudo que eu quisesse. Meu pai já era mais seco, porem eu era muito mais apegada a ele... eu gostava de sentar no colo dele na pequena biblioteca que tínhamos em casa e ouvir ele ler para mim... sua voz grave dava mais emoção às histórias.

Marco me olhava encantado, como se significasse muito para ele eu dividir minhas lembranças com ele.

- Nos meus primeiros anos como vampira eu sentia muita falta deles apesar de Daniel sempre cuidar de mim. Daniel... agora eu sinto tanto a falta dele...

- Você gosta muito dele. – Marco comentou.

- Eu o amo. Ele é um pai para mim. Era ele que me acalmava quando eu acordava no meio da noite aos gritos por ter tido pesadelo, ele que enxugava minhas lagrimas quando eu chorava, ele quem me abraçava quando eu tinha medo, ele que me dizia que ficaria tudo bem quando tudo dava errado. Ele mais do que Luiz, meu pai adotivo, é o pai que eu nunca tive. – suspirei.

Estava pensando nelas de novo, aquelas visões minha cabeça. Ok, quem pensaria nisso com um Marco mais que delicia parado na sua frente? Só uma idiota... ou Melany Lisli!

Um minuto depois Marco disse:

- Acabei.

- Ahã?

- Terminei de responder as perguntas.

- Mas eu nem te dei o texto!

- Estava fácil, eu acho que já estudei isso umas dezenas de vezes. – ele disse com aquele meio sorriso perfeito.

- Ah, então por que é que você me fez vim para cá com você?

- Por que passar o tempo com você é divertido, tu é engraçada! – ele disse com o mesmo sorrisinho.

- Você está me chamando de palhaça? – eu perguntei arqueando uma sobrancelha e com a expressão seria, mas me contorcendo para não rir.

- Não, não foi isso que eu quis dizer é só que... É... Assim... – ele disse gaguejando.

- Hei, não gagueja, não! – eu disse mal escondendo um sorriso.

- Eu quis dizer que... Eu... É... Eu gosto da sua companhia. – ele disse.

Eu sorri.

- Também gosto da sua companhia.

Ele sorriu, pegando minhas mãos que estavam sobre a mesa.

- Sabe o que eu mais gosto em você? – ele perguntou me encarando com intensidade.

- Não. – eu disse num sussurro.

Eu estava nervosa, envergonhada, assustada e extremamente feliz, tudo ao mesmo tempo.

- Seus olhos, eles são lindos e profundos como o mar, são um livro aberto para quem sabe lê-los. – ele disse olhando-me profundamente, seus longos dedos faziam pequenos círculos nos meus pulsos, que me deixava tranquila. Sorri.

- Eu gosto do seu sorriso. – eu disse, timidamente. – É lindo e as covinhas o torna perfeito.

- Eu gosto quando você fica envergonhada, suas bochechas ganham um lindo tom rosado.

- Eu gosto da sua voz, ela me acalma.

- Eu gosto quando você fica irritada, é tão charmoso. – ele disse sorrindo.

- Eu gosto dos seus olhos, eles são tão profundos, acolhedores, quentes...

Em seus lábios se formou um grande sorriso, então eu me dei conta do que tinha dito e minhas bochechas ficam super quentes, desviei o olhar.

Uma de suas mãos acariciou minha bochecha, seu polegar passou levemente sobre meu lábio inferior, fazendo minha boca abrir automaticamente, seu dedo indicador se dirigiu para o meu queixo e levantou meu rosto para que eu o olhasse nos olhos.

Nós estávamos muito próximos, tínhamos nos inclinado inconscientemente durante a conversa que havia se tornado confissão. Marco se inclinou para mais perto ficando a menos de um centímetro de mim. Eu o olhava nos olhos e neles havia um pedido de permissão.

Eu sorri.

Ele me beijou.

Eu fechei os olhos.

Senti seus lábios tocarem os meus delicadamente e no inicio foi só isso um leve tocar de lábios, então sua língua passou ligeiramente sobre meu lábio inferior. Separei os lábios convidando-o a entrar. Sua língua se apoderou da minha boca vagarosamente, explorando cada canto dela. Seus lábios eram macios e quentes contra os meus. O beijo foi se tornado mais profundo e oh, Senhor Jesus, ele beijava tão bem! Eu também não estava submissa, minha língua explorava sua boca memorizando cada pedacinho dela. O beijo intenso e profundo foi se transformando em calmos selinhos, até que já não estávamos mais beijando, nossos lábios simplesmente se encostavam.

Ele sorriu nos meus lábios e me deu mais um selinho, eu sorri também e retribui o selinho.

Ele se afastou ainda sorrindo, suas mãos seguravam meu rosto.

- Eu gosto de te beijar. – ele disse.

- Eu gosto quando você me beija.

Seu sorriso se tornou mais amplo.

- Que bom, por que eu pretendo te beijar muito.

Enquanto ele se levantava e parava ao meu lado eu corava violentamente.

Ele estendeu sua mão para mim, eu a pequei e levantei. Marco passou os braços ao redor da minha cintura me abraçando com força porem cuidadosamente. Passei meus braços em volta de seu pescoço e descansei minha cabeça em seu peito largo e forte. Seus lábios foram pra minha orelha e ele disse:

- Quando soube que você vinha para a Academia achei que você era apenas mais uma vampira. Bonita como todos os vampiros, fútil e arrogante como qualquer vampira nova que se acha a melhor, a mais bonita e que se joga em cima de qualquer cara mais antigo. Mas quando eu te vi pela primeira vez entrado na sala de aula com postura e andar confiante, quando você disse aquelas coisas para o Alex... – ele riu baixinho, seu sotaque era pesado quando ele falava desse jeito.

E... uau! As coisas que ele estava me falando!

- Eu devo te dizer que Alex ficou encantado, assim como eu. – continuou ele. – Mas não é só por isso que eu fiquei encantado é por tudo em você, seu jeito de sorrir, sei jeito de tratar as pessoas, tudo em você me encanta.

Ele era tão perfeito! Eu estava no céu.

- Depois daquela primeira aula juntos eu passei a observar você e quando te encontrei no ginásio, você estava tão naturalmente linda distraída tocando violão habilmente e cantando com uma voz só poderia pertencer a um anjo. E quando naquele mesmo dia no ginásio você parou de falar e ficou encarando o nada e depois meio que desmaiou, ou quando você ficou desacordada por um dia inteiro eu fiquei tão preocupado. Quando eu vi o quão vulnerável você é eu senti uma necessidade tão grande de te proteger. – ele me apertou mais contra ele.

- Marco, eu...

- Shsh... não diga nada, só me deixe te abraçar. Eu gosto tanto de te ter assim, segura nos meus braços.

Sorri me acomodando melhor no abrigo dos seus braços. Ficamos assim por não sei quanto tempo. Eu me sentia confortável, em seus braços era acolhedor, familiar, natural.



“She lives in a fairy tale

Somewhere too far for us to find

Forgotten the taste and smell

Of the world that she's left behind”



Meu celular começou a tocar e eu relutante tentei me afastei.

- Aonde você vai? – Marco perguntou me apertando mais.

- Atender o celular. – eu disse sorrindo.

- Hum... Deixa tocar. – ele pediu me beijando a ponta do nariz.

- Tentador. – eu disse sorrindo. – Mas pode ser uma coisa importante.

- Ok, atende esse bendito celular.

Afastei-me dele lhe dando as costas e assim que eu pequei o celular ele me abraçou pelas costas descansando seu queixo no meu ombro esquerdo.

- Alô?

Silêncio.

- Alô? – eu repeti e... Nada.

– Alô? – tentei novamente.

- Quem é? – disse Marco.

- Não sei, ninguém responde.

- Então desliga. – ele disse beijando meu pescoço.

- Tem alguém aí? – eu disse, mas ninguém respondeu então quando ia desligar eu ouvi uma voz grossa, rouca, aterrorizante dizer:

- Eu sei onde você está. Não adianta se esconder dentro da Academia...

Silêncio... tu... tu... tu... A linha caiu.
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Capitúlo Doze

quarta-feira, 28 de setembro de 2011.
  Eu já estava quase no ginásio quando ele segurou meu braço e disse:
  
  - Melany, nós podemos conversar?

  Eu olhei para onde sua mão segurava o meu braço e depois olhei para ele com os olhos afiados e os lábios pressionados. Não me entendam mal, não é implicância minha com ele, é só que eu não gosto quando as pessoas querem me forçar a algo. Diogo entendeu o recado e retirou a mão do meu braço imediatamente.

  - O que você quer? – eu perguntei.
  
  - Conversar, pedir desculpa... mas agora não é a melhor hora.

  - Por quê? – agora eu estava confusa. Ele não queria conversar?

  - Por que eu quero conversar a sós com você e nós não estamos sozinhos.
  
  Olhei ao redor e não vi ninguém por perto.

  - Como você sabe que tem alguém por perto? – perguntei desconfiada.

  - Longa história. – ele disse misterioso.

  Já disse que mistérios são um saco? Pois é, são.
  
  - E o que te faz pensar que eu quero conversar com você a sós? – eu perguntei.
  
  - Os meus lindos olhos azuis. – ele disse com aquele sorriso fácil. Já fazia um bom tempo que eu não o via sorrir. Eu gostava quando ele sorria. Nesse momento eu decidi que já não estava mais com tanta raiva dele.

  Revirei s olhos e disse sarcasticamente:

  - Oh, sim claro, seus lindos olhos azuis.
  
  Olhamo-nos por dois segundo. Foi o suficiente para eu ver desejo nos olhos de Diogo. Ignorei isso.

  - Bem, se você não tem nada a me dizer então eu vou entrar. – eu disse abrindo a porta do ginásio.

  A aula foi o de sempre: levantamento de peso corrida e pratica de luta. Mark disse que eu estava cada dia melhor e que os treinos extras com Diogo estavam me ajudando. Eu assenti e sorri para ele, apesar de não estar satisfeita por Diogo levar a fama quando eu treino sozinha. Diogo, - não sei por que -, não falou nada para Mark e eu também achei melhor deixar quieto.

  Saí do ginásio e fui direto para o refeitório.

  Entrei no refeitório e ele já estava cheio, meus amigos já estavam todos sentados em nossa mesa de costume. Pequei minha comida e fui sentar-me com eles. Eles estavam animados.

  - Mel, - disse Carol assim que me juntei a eles. – nós estávamos pensando em fazer trilha.

  Trilha... já fazia muito tempo que não fazia trilha e a ultima vez que eu fiz eu fui atacada por aqueles lobisomens monstruosos. Reprimi essa lembrança.

  - Não vai dar. – eu disse.

  - Por quê? – perguntou Isabel.

  - Tenho que fazer um trabalho.

  - Faz domingo. – disse Bruno.

  - Não posso já marque para amanha.

  - Marcou com quem? – perguntou Isabel curiosamente.

  - Com o Marco.

  - Que Marco? – Carol perguntou suspeitosamente.

  - Marco Sartre. – eu disse calmamente.

  Carol e Isabel pareceram congelar assim que eu disse o nome de Marco. Elas me olhavam com os olhos arregalados.

  Comecei a comer e deixe-as digerir o que eu tinha acabado de falar.

  - Ahhhhhh!!! – gritaram Isabel e Carol.

  Eu dei um pulo de uns dois metros.

  - Eu não acredito! Você e ele fazendo trabalho juntos! – disse Carol. Eu a encarei ainda meio atordoada pelo grito delas.

  - Mel, eu sou sua fã! – disse Isabel. – Eu sou simplesmente sua fã!

  Carol olhou para Isabel e as duas começaram com os gritinhos histéricos novamente.

  - Para que todo esse escândalo? – eu perguntei as encarei novamente e balancei a cabeça em exasperação.

  - Mel, você vai passar sabe Deus quanto tempo com o Marco, entendeu? Focaliza no nome, MARCO!

  - Eu não sei por que tudo isso. – disse Bruno mal humorado.

  - Também não sei o que tanto essas garotas vêem nele, meu querido amigo. – disse Marcelo a Bruno.

  - Hei, ele é o Marco delicia! Ele é tudo de bom! Vocês já viram aquele corpo?! Aí meus olhos! – disse Carol aos suspiros.

  - Carol você está certíssima que corpo é aquele?! – disse Isabel também suspirando.

  - Vocês têm noção de que o refeitório inteiro esta ouvindo em alto e bom som o que vocês estão falando, não têm? E que principalmente o Marco esta ouvindo tudo isso e alto e bom som. – eu disse.

  Elas coraram imediatamente.

  - Um pouco tarde para ficar com vergonha, não? – disse Bruno.

  Carol o encarou furiosamente enquanto Isabel só ficava ainda mais corada. Eu sorri.

  - É melhor nós irmos para nossas aulas. – disse Marcelo.

  - Também acho Marcelo, é melhor a gente ir logo. – disse Bruno.

  - Tchau, Mel. – todos disseram juntos.

  - Tchau, pessoal. – eu disse saindo do refeitório.

  O resto do dia passou rápido e logo as aulas tinham acabado.

  Fui para o meu quarto tomei um banho coloquei minha roupa de ginástica. Cheguei no ginásio e ele estava vazio, como o esperado. Fui até área de musculação, coloquei o fone do Ipode no ouvido e comecei a corre. A música que estava tocando era Decode do Paramore, mas eu não estava realmente ouvindo. A única coisa que estava em minha mente ainda eram aquelas visões.

  Algo tocou meu braço. Virei-me rapidamente em posição de ataque. Meu punho direito acertou em cheio seu olho esquerdo.

  CRAC!

  - Oh, meu Deus! – eu disse.

  Na minha frente Diogo fazia uma careta de dor enquanto cobria com a mão seu olho esquerdo que parecia ligeiramente amassado e que sangrava, sim sangrava!

  - Eu não sabia que você ainda estava com tanta raiva de mim. – ele disse com um sorriso forçado.

  - Não seja ridículo, Diogo. Mesmo com raiva eu nunca faria isso de propósito. E eu não tenho culpa se você gosta de assustar os outros.

  - Eu não queria te assustar.

  - Mas assustou! Agora tire a mão do olho e deixe-me ver isso.

  Ele tirou a mão lentamente e disse:

  - Desde quando você é tão forte?

  - Bem, não é tão ruim quanto parece, um pouco de sangue vai resolver. – eu disse ignorando sua pergunta. – Vem, vou levá-lo à enfermaria para limpar isso.

  - Eu não quero ir a enfermaria.

  - Eu não perguntei se você quer ir, eu disse que vou levá-lo, você querendo ou não.

  Sob muito protesto de Diogo eu o levei a enfermaria. A enfermeira limpou seu olho de deu-lhe sangue.

  - O que aconteceu com você, Diogo? – perguntou a enfermeira.

  - Apenas um pequeno incidente, Maria. Nada demais.

  - Quem fez isso com você, Diogo? – disse Maria olhando suspeitosamente para mim.

  - Eu não quero falar sobre isso. – disse ele. – E eu apreciaria se você fosse discreta sobre esse assunto.

  - Tudo bem, mas se tiver uma próxima vez eu não serei discreta. – ela disse me olhando friamente e saiu lançando um sorriso de flerte para Diogo.

  - Ok, já que você está bem e tudo mais, eu vou embora. – eu disse já saindo.

  - Eu ainda quero conversar com você. – disse Diogo.

  - Agora não Diogo, agora não. – eu disse e fui embora.
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Capitulo Onze

domingo, 28 de agosto de 2011.

Na sexta acordei cedo e arrumei-me calmamente.

Cheguei à sala de aula e Sr. Soares ainda não estava na sala. Sentei em minha carteira de costume e perdi-me em pensamentos.

- Bom dia classe! – disse Sr. Soares em português – o que era extremamente raro -, entrando na sala e fechando a porta.

Todos sentaram em seus lugares.

A aula como sempre foi tranquila. O Sr. Soares era um vampiro simpático, nos tratando com um jeito até fraterno – isso quando ele estava de bom humor. Era bonito como todo vampiro, seus olhos eram azul-claros, sua pele branca, seu rosto tinha traços fortes com bochechas altas, nariz reto e queixo largo, curtos cabelos loiro-claros e era alto, com magros músculos discretos.

Enquanto o Sr. Soares falava alguma coisa sobre a utilização dos verbos na língua alemã, eu dei uma olhada na sala.

Os alunos estavam até que prestando atenção; Alex parecia entediado, Marco parecia lindo como sempre e me presenteou com um sorriso quando seus olhos encontrar os meus e Diogo... onde estava o Diogo? Ele não sentava ao lado de Marco? Olhei melhor a sala e encontrei Diogo sentado a umas três fileiras ao lado e cinco cadeiras atrás de Marco e... Ele me encarava intensamente. Desvie o olhar. Me chame de rancorosa, mas eu ainda não tinha esquecido a brincadeirinha ridícula que ele tinha feito.

Minha mente estava longe mais precisamente nas visões que eu tive. A aula passou que eu nem vi e fui para a aula de magia elementar ainda pensando nisso e continuei enquanto a aula seguia.

- Melany? – disse Catherine. – Aconteceu alguma coisa, querida? – perguntou ela gentilmente.

- Oh, não! – eu disse sem graça.

- Você ficou pensativa a alua inteira. Pensei que tivesse acontecido algo.

– Não aconteceu nada. Hoje estou um pouco distraída mesmo. Desculpe.

Ela sorriu e assenti. Virou-se para o resto da turma e disse:

- Dispensados.

Saí rapidamente da sala e fui direto para a aula de literatura. Agora eu estava pensando em Marco e Diogo... então eu lembrei...

- Melany.

- Deixe-a ir, Diogo.

- Não me diga o que eu tenho ou não que fazer, Marco.

Oh, Deus! Será que eles brigaram por minha causa? – pensei. Ah, claro que não! Era muita pretensão minha pensar isso.

Entrei na sala e novamente Diogo sentou-se longe de Marco.

A Sra. Elissa Magroski, entrou na sala pedindo silencio aos que estava conversando.

- Bom dia, turma! Hoje nós faremos um trabalho sobre a matéria da aula passada, valendo nota. – disse Elissa. – Será em dupla, mas para não haver confusão eu escolherei as duplas, ok?

Alguns protestaram por ela escolhe as duplas outros ficaram até felizes, e eu? Bem, eu esperava fazer com alguém que eu conhecesse. Resumindo: Alex, Marco ou Diogo. Nem tanto com o Diogo, eu ainda estava brava com ele.

- Bem, eu direi os nomes e um da dupla vem aqui pegar as folhas que eu vou dar, depois das duplas formadas eu explicarei como fazer. Vamos lá... – Elissa foi formando as duplas.

Só faltavam quatro e ela não tinha falado meu nome ainda, entre essas pessoas estavam Diogo e Marco.

- Diogo e... Rômulo e Marco e Melany.

Ufa!

Marco foi até a professora, pegou os papeis e veio em minha direção. Posicionou a mesa ao lado mais perto da minha e sentou-se ao meu lado com um sorriso genuíno. Olhei brevemente para Diogo e ele nos encarava com frustração.

- Agora que já formamos as duplas prestem atenção! Vocês receberam uma folha com um texto falando sobre o Arcadismo e uma folha com perguntas sobre a toda a matéria. Eu quero que vocês leiam o texto e a matéria de ontem e respondam com suas palavras. Se existirem respostas iguais as duplas perderam ponto, mesmo se as respostas estiverem certas. Podem começar.

- Hei. – eu disse. Idiota eu sei, mas eu não sabia o que dizer, poxa!

- Hei, está tudo bem?

- Sim, tudo bem, por quê?

- Quando você saiu do ginásio ontem você parecia... ahã...

- Com raiva?

- É, sim com raiva.

- Bem, eu estava.

- Posso saber o porquê?

- Bem, é que o Diogo tem a irritante mania de chegar atrasado. E ontem eu falei com ele que quando ele precisasse chegar atrasado era para ele me avisar, assim eu não ficava esperando ele.

- E era por isso que você estava com raiva? – ele me perguntou cético.

- Sim... quer dizer não... ahrg! É que eu acho que ele não recebe muito bem as criticas. Ele disse que não custava nada esperar um pouco... – ele me olhou como se concordasse com Diogo. – ok, eu sei que não custa nada esperar um pouquinho de vez enquanto, mas todo dia?! E ele ainda fez uma piadinha ridícula perguntando se eu estava de TPM, pode?

Eu estava indignada!

Marco balançou a cabeça em exasperação e sorriu dizendo:

- Diogo é assim mesmo. Não fica com raiva dele!

- Tarde demais. – eu resmunguei.

- Nunca é tarde de mais, Melany. – ele disse seriamente.

- Ok, vamos fazer o trabalho. – eu disse.

- Você está desconversando! – ele acusou.

- Não diga! – eu disse ironicamente. – Olha só, eu não gosto que me façam de idiota, ok? Não gostei da atitude do Diogo e eu tenho todo o direito de não gostar. É melhor ficarmos longe por um tempo. Eu não sou de guardar rancor, mas eu demoro um pouco para perdoar. Eu sou assim.

- Tudo bem, eu não estou aqui para te julgar. Eu só queria te entender. – ele disse serenamente. Sorriu. – Aí, posso te fazer uma pergunta?

- Já fez, mas pode fazer outra. – eu disse sorrindo também. Já disse que é impossível não corresponder o sorriso dele? Pois é, é muito difícil.

Ele sorriu novamente.

- Onde você morava antes de vir para a Academia?

- Em Cabo Frio no Rio de Janeiro.

- Do que você sente mais falta?

- Alem, de Daniel e Luiza o que eu sinto mais falta é do mar e das festas, é claro.

- Festas?

- Claro! Eu ia a festas todos os dias. Afinal uma vampira tem que se alimentar. E nada melhor do que festas... hum... sangue direto da fonte... irresistível.

Ele colocou as mãos no pescoço e me olhou assustado.

Eu o encarei.

Ele sorriu.

- Isso não foi engraçado.

- Por que você sente falta do mar? – ele disse.

- Não sei bem, o mar me acalma, sabe? Nadar me acalma. Ver as ondas banhar a areia, senti-la em minha pele... Isso me da paz, me faz sentir segura. É meio bobo eu sei, mas é assim que eu me sinto.

- Não é bobo. – ele disse. – Eu também gosto do mar... quando eu morei no Havaí há uns anos atrás eu ficava horas na praia. O mar e o surf são algumas das coisas que eu mais sinto falta quando eu estou na Academia.

- Você surfa? – eu perguntei incrédula.           

- Surfo. – ele disse com um meio sorriso.

- Eu sempre quis aprender, mas nunca achei alguém para me ensinar. Claro, tem humanos que ensinam, mas é tão chato aprender com humanos. – eu disse desanimada.

- Eu te ensino. – ele disse.

- Ah, aqui não tem praia, esqueceu?

- Nós podemos ir para algum lugar que tenha.

- Jura? – ele assentiu. – Que ótimo! – exclamei.

Fiquei me imaginando em uma prancha surfando naquela imensidão verde azul. Olhei para Marco e o vi encarando-me, como se nunca mais fosse me ver. Ele me olhava tão intensamente que senti a necessidade de desviar o olhar em sinal de vergonha, mas não consegui. Perdi-me aquele mar de cor mel.

- Antes de eu virar vampira eu tinha medo do mar por quase me afogar nele. – eu disse sem motivo algum.

Ele riu, riu alto. Todos nos encararam.

- O que é tão engraçado, Marco? – perguntou Elissa rispidamente.

- Oh, nada Sra. Magroski. Desculpe. – disse Marco com a expressão seria, mas havia um sorriso brincando nos cantos de seus lábios.

- Voltem ao trabalho. – ela disse simplesmente.

- Jura que você tinha medo do mar?! – ele disse divertido.

- Tinha. – eu disse envergonhada. Ele riu ainda mais. – Isso não é engraçado. Eu era uma criança que nunca tinha visto o mar, eu queria nadar nele, e foi o que eu fiz. Ou pelo menos eu tentei, já que eu não sabia nadar. Eu levei um “caldo” tão grande que era para ter me perdido no mar e nunca mais ter sido encontrada.

- Desculpe. – ele disse. – Mas é que é engraçado.

- Uma criança se afogar e quase morrer é engraçado?! – eu perguntei.

- Er... Bem, não, mas o jeito que você contou fez parecer engraçado. – ele disse desconcertado.

- Tudo bem eu entendi, mas não foi engraçado. – eu disse tentando soar séria, mas não consegui. Marco me olhava apertando os lábios para não rir. – Pode rir Marco eu sei que você quer. – eu disse rindo.

Ele também riu.

- Ok, já que você confessou que tinha medo do mar eu também vou confessar uma coisa... – eu fiquei olhando-o em expectativa. – Eu...

- Você? – eu perguntei ansiosa.

- Eu... eu matei um gato. – ele disse rindo.

Eu o olhei cética. – Você matou um gato?! – ele assentiu. – E eu aqui pensando que era alguma coisa.

- Hei, é alguma coisa! – ele disse ainda rindo. – Mas agora é serio vou confessar uma coisa. – eu o olhei sem acreditar. – Hei, me dá um pouco de credito! É uma coisa realmente seria.

- Vá em frente. – eu disse curtamente.

- Eu tenho um meio-irmão. – ele disse sério, nenhum traço do seu lindo sorriso nos seus lindos lábios. – Mas isso é um segredo, Melany, ninguém sabe disso.

- Por que é um segredo?

- Nós preferimos assim. Meu pai o transformou...

- Dá um pause aí, transformou? Ele não é um dampiro?

- Não, ele é vampiro. Eu só descobri que tinha um meio-irmão a pouco mais de trinta anos.

- Por que seu pai não disse que você tinha um meio-irmão?

- Não sei, meu pai se tornou muito ausente depois que minha mãe morreu. Mas apesar de ser ausente eu o amava e sofri muito quando ele foi assassinado e ainda sofro... – disse Marco, em sua voz eu podia notar a dor a que ele estava se referindo, ele sofria.

- Seu pai foi assassinado? – eu não pude me impedir de perguntar.

- Ele foi decapitado há uns cinquenta anos. Ninguém sabe por que e nem por quem. Eu me sinto culpado, embora não estivesse lá, por que se eu estivesse poderia ter feito algo para impedir quem quer que o assassinou.

- Eu sinto muito. – eu disse sinceramente.

Ficamos um minuto em silencio, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

- Você e seu irmão se falam?

- Sim, nós somos até bem íntimos.

- E onde ele está?

- Aqui na academia.

- Você pode me dizer quem é?

- Melhor não, prefiro que ele o faça.

- Tudo bem.

Nós ficamos em silencio mais uma vez e então em uma necessidade que eu não sei de onde vinha comecei a contá-lo o que nunca tinha contado a ninguém alem de Daniel.

- Sabe? Eu nunca conheci os meus pais... ninguém sabe o que aconteceu com eles... quando eu fui encontrada sozinha no meio da estrada me levaram para um orfanato e lá eu fiquei até os meu sete anos. Eu ainda me lembro de como era... – Marco me olhava intensamente com um olhar interessado.

– O jardim que cercava o orfanato era enorme, a grama verde... as flores coloridas... lá haviam muitas flores diferentes, tulipas, margaridas, orquídeas, rosas, todas as flores de todas as cores, era lindo! Na primavera quando os botões se abriam era mágico... eu ficava horas as admirando...

A sala inteira sumiu, nesse momento só existiam eu, Marco e minhas lembranças.

- No outono quando as muitas árvores perdiam suas folhas e o chão ficava repleto delas, como um tapete marrom... no inverno eu gostava de ficar sentada na minha cama, que ficava de frente para a janela, observando o começo da floresta que ficava ao norte do orfanato... eu gostava de imaginar que havia alguém ali que se importava comigo, que eu não estava sozinha, que em algum lugar alguém sentia a minha falta...

Funguei e senti que as lagrimas estavam prestes a sair.

- Eu queria tanto acreditar nisso que as vezes eu podia jurar que via grandes sobras andando por aquela parte da floresta... e não sei porque mas eu me sentia segura com isso... - eu me deixar pelas lembranças.

Estava tão absorvida por minhas lembranças que só me dei conta de que sussurrava muito baixo quando percebi o rosto de Marco a poucos centímetros do meu.

- Desculpe. – eu disse envergonhada. – Eu me deixei levar...

- Não tem problema, eu gosto de te ouvir falar e agradeço por confiar em mim. – ele disse ainda me olhando intensamente, ainda muito perto.

- Vocês já acabaram? – perguntou Elissa.                                           

- Ahãm? – eu perguntei desviando o olhar do de Marco.

- Não Sra. Magroski, peço que nos deixe entregar na segunda. – disse Marco olhando nos olhos de Elissa.

Elissa o olhou por um instante e disse rispidamente:

- Ok, Marco! Mas não deixe de entregar na segunda.

- Tudo bem, Sra. Magroski, entregarei na segunda. – Elissa foi embora e Marco virou-se para mim. – Podemos continuar amanhã, Melany?

- Podemos, que horas?

- Às nove da manha está bem, para você?

- Sim, está. Onde?

- Na biblioteca.

- Eu... er... não sei onde fica a biblioteca.

- Eu posso passar no seu dormitório para irmos juntos. O que você acha.

- Eu acho ótimo. – eu disse entusiasmada demais. Ele sorriu.

- Até a próxima aula então, tchau. – ele disse se levantando.

- Tchau. – eu disse.
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