Eu já estava quase no ginásio quando ele segurou meu braço e disse:
- Melany, nós podemos conversar?
Eu olhei para onde sua mão segurava o meu braço e depois olhei para ele com os olhos afiados e os lábios pressionados. Não me entendam mal, não é implicância minha com ele, é só que eu não gosto quando as pessoas querem me forçar a algo. Diogo entendeu o recado e retirou a mão do meu braço imediatamente.
- O que você quer? – eu perguntei.
- Conversar, pedir desculpa... mas agora não é a melhor hora.
- Por quê? – agora eu estava confusa. Ele não queria conversar?
- Por que eu quero conversar a sós com você e nós não estamos sozinhos.
Olhei ao redor e não vi ninguém por perto.
- Como você sabe que tem alguém por perto? – perguntei desconfiada.
- Longa história. – ele disse misterioso.
Já disse que mistérios são um saco? Pois é, são.
- E o que te faz pensar que eu quero conversar com você a sós? – eu perguntei.
- Os meus lindos olhos azuis. – ele disse com aquele sorriso fácil. Já fazia um bom tempo que eu não o via sorrir. Eu gostava quando ele sorria. Nesse momento eu decidi que já não estava mais com tanta raiva dele.
Revirei s olhos e disse sarcasticamente:
- Oh, sim claro, seus lindos olhos azuis.
Olhamo-nos por dois segundo. Foi o suficiente para eu ver desejo nos olhos de Diogo. Ignorei isso.
- Bem, se você não tem nada a me dizer então eu vou entrar. – eu disse abrindo a porta do ginásio.
A aula foi o de sempre: levantamento de peso corrida e pratica de luta. Mark disse que eu estava cada dia melhor e que os treinos extras com Diogo estavam me ajudando. Eu assenti e sorri para ele, apesar de não estar satisfeita por Diogo levar a fama quando eu treino sozinha. Diogo, - não sei por que -, não falou nada para Mark e eu também achei melhor deixar quieto.
Saí do ginásio e fui direto para o refeitório.
Entrei no refeitório e ele já estava cheio, meus amigos já estavam todos sentados em nossa mesa de costume. Pequei minha comida e fui sentar-me com eles. Eles estavam animados.
- Mel, - disse Carol assim que me juntei a eles. – nós estávamos pensando em fazer trilha.
Trilha... já fazia muito tempo que não fazia trilha e a ultima vez que eu fiz eu fui atacada por aqueles lobisomens monstruosos. Reprimi essa lembrança.
- Não vai dar. – eu disse.
- Por quê? – perguntou Isabel.
- Tenho que fazer um trabalho.
- Faz domingo. – disse Bruno.
- Não posso já marque para amanha.
- Marcou com quem? – perguntou Isabel curiosamente.
- Com o Marco.
- Que Marco? – Carol perguntou suspeitosamente.
- Marco Sartre. – eu disse calmamente.
Carol e Isabel pareceram congelar assim que eu disse o nome de Marco. Elas me olhavam com os olhos arregalados.
Comecei a comer e deixe-as digerir o que eu tinha acabado de falar.
- Ahhhhhh!!! – gritaram Isabel e Carol.
Eu dei um pulo de uns dois metros.
- Eu não acredito! Você e ele fazendo trabalho juntos! – disse Carol. Eu a encarei ainda meio atordoada pelo grito delas.
- Mel, eu sou sua fã! – disse Isabel. – Eu sou simplesmente sua fã!
Carol olhou para Isabel e as duas começaram com os gritinhos histéricos novamente.
- Para que todo esse escândalo? – eu perguntei as encarei novamente e balancei a cabeça em exasperação.
- Mel, você vai passar sabe Deus quanto tempo com o Marco, entendeu? Focaliza no nome, MARCO!
- Eu não sei por que tudo isso. – disse Bruno mal humorado.
- Também não sei o que tanto essas garotas vêem nele, meu querido amigo. – disse Marcelo a Bruno.
- Hei, ele é o Marco delicia! Ele é tudo de bom! Vocês já viram aquele corpo?! Aí meus olhos! – disse Carol aos suspiros.
- Carol você está certíssima que corpo é aquele?! – disse Isabel também suspirando.
- Vocês têm noção de que o refeitório inteiro esta ouvindo em alto e bom som o que vocês estão falando, não têm? E que principalmente o Marco esta ouvindo tudo isso e alto e bom som. – eu disse.
Elas coraram imediatamente.
- Um pouco tarde para ficar com vergonha, não? – disse Bruno.
Carol o encarou furiosamente enquanto Isabel só ficava ainda mais corada. Eu sorri.
- É melhor nós irmos para nossas aulas. – disse Marcelo.
- Também acho Marcelo, é melhor a gente ir logo. – disse Bruno.
- Tchau, Mel. – todos disseram juntos.
- Tchau, pessoal. – eu disse saindo do refeitório.
O resto do dia passou rápido e logo as aulas tinham acabado.
Fui para o meu quarto tomei um banho coloquei minha roupa de ginástica. Cheguei no ginásio e ele estava vazio, como o esperado. Fui até área de musculação, coloquei o fone do Ipode no ouvido e comecei a corre. A música que estava tocando era Decode do Paramore, mas eu não estava realmente ouvindo. A única coisa que estava em minha mente ainda eram aquelas visões.
Algo tocou meu braço. Virei-me rapidamente em posição de ataque. Meu punho direito acertou em cheio seu olho esquerdo.
CRAC!
- Oh, meu Deus! – eu disse.
Na minha frente Diogo fazia uma careta de dor enquanto cobria com a mão seu olho esquerdo que parecia ligeiramente amassado e que sangrava, sim sangrava!
- Eu não sabia que você ainda estava com tanta raiva de mim. – ele disse com um sorriso forçado.
- Não seja ridículo, Diogo. Mesmo com raiva eu nunca faria isso de propósito. E eu não tenho culpa se você gosta de assustar os outros.
- Eu não queria te assustar.
- Mas assustou! Agora tire a mão do olho e deixe-me ver isso.
Ele tirou a mão lentamente e disse:
- Desde quando você é tão forte?
- Bem, não é tão ruim quanto parece, um pouco de sangue vai resolver. – eu disse ignorando sua pergunta. – Vem, vou levá-lo à enfermaria para limpar isso.
- Eu não quero ir a enfermaria.
- Eu não perguntei se você quer ir, eu disse que vou levá-lo, você querendo ou não.
Sob muito protesto de Diogo eu o levei a enfermaria. A enfermeira limpou seu olho de deu-lhe sangue.
- O que aconteceu com você, Diogo? – perguntou a enfermeira.
- Apenas um pequeno incidente, Maria. Nada demais.
- Quem fez isso com você, Diogo? – disse Maria olhando suspeitosamente para mim.
- Eu não quero falar sobre isso. – disse ele. – E eu apreciaria se você fosse discreta sobre esse assunto.
- Tudo bem, mas se tiver uma próxima vez eu não serei discreta. – ela disse me olhando friamente e saiu lançando um sorriso de flerte para Diogo.
- Ok, já que você está bem e tudo mais, eu vou embora. – eu disse já saindo.
- Eu ainda quero conversar com você. – disse Diogo.
- Agora não Diogo, agora não. – eu disse e fui embora.
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