2

Capitulo Cinco

segunda-feira, 2 de maio de 2011.
Eu acordei deitada numa cama, que por sinal, não era minha. Tentei me acomodar e... Essa definitivamente não era a minha cama.

Abri os olhos e vi... branco.

Olhei em volta e tudo era branco, com exceção da poltrona, que era preta, do lençol que me cobria, que era azul, e do homem sentado na poltrona. Na verdade o homem também era branco, mas você acompanhou o raciocínio.

E esse homem era Daniel. Ele estava com uma expressão de dor e culpa. E essa era uma expressão que eu não gostava nada, nada.

- Pai... – disse. Ia dizer que eu estava bem e que era para ele não se preocupar, mas minha voz falhou.

- Mel! Eu estava tão preocupado.

- Não precisava eu estou bem. – disse tentando ao máximo soar convencível. Mas acho que não consegui muita coisa, por que a expressão de Daniel foi de culpa e dor para incredulidade.

- Mel, você sabe quanto tempo faz que você está desacordada?

Aí ele me pegou bonito. Eu não fazia a mínima ideia de quanto tempo eu fiquei apagada.

Uma hora? Duas? Um dia? Dois? Uma semana?

Daniel me olhava e eu sabia que ele sabia que estava tentando encontrar uma resposta e... que eu não ia achar.

- Você esteve desacordada por vinte e quatro horas inteiras, Mel.

- O que? – eu quase gritei. Ok eu confesso eu não sei nem como eu ainda tenho pregas vocais.

- Calma Mel. – disse ele.

Como assim ele queria que eu ficasse calma? Eu tinha ficado de fora de combate por quase um dia inteiro. UM dia.

- O que eu tenho? – perguntei tentando controlar o meu tom de voz.

- Aí é que está. Você não tem nada.

Ele só podia estar brincando. A pessoa fica desacordada por um dia e não tem nada?

- Eu não entendo. – disse completamente confusa.

- Esse é outro problema, Mel. Ninguém entende.

Eu pude ver que a preocupação dele estava aumentando cada vez mais.

- Eu já posso sair daqui? – perguntei.

- Não sei. Vou chamar a enfermeira.

Ele saiu e depois de uns minutos entrou uma dampira alta, corpo esbelto, pescoço longo, olhos azuis, com um semblante calmo e vestida com um jaleco branco.

- Então posso ou não posso sair daqui? – perguntei impaciente.

- Pode, senhorita Lisli. – disse ela.

- Melany, me chame de Melany.

Eu já estava de saco cheio de todo mundo me chamar de senhorita Lisli para lá e para cá.

Daniel me repreendeu com um olhar afiado. Que eu prontamente fingi que não vi.

Desci da cama com o máximo de cuidado possível, ou seja, quase levei a bandeja que estava na mesa ao lado da cama.

- Obrigado. – disse olhando a enfermeira, que eu não sabia o nome.

- Não tem de que querida. – disse com um sorriso amável.

Eu e Daniel saímos da enfermaria juntos.   

- Mel, a senhora Carmem quer conversar conosco.

- Sim, mas eu posso pelo menos passar no quarto e tomar um banho? – disse fazendo uma careta.

Eca! Eu fiquei quase um dia inteiro sem tomar banho!

Que nojo!

- Claro, eu vou com você.

- Então vamos.

Chegamos ao quarto eu fui para o banheiro tomar banho. Já saí do banheiro vestida, com uma calça jeans e uma regata, calcei uma sapatilha, fiz uma maquiagem leve e prendi o cabelo num rabo-de-cavalo.

Daniel me olhava com uma expressão curiosa.

- O que? – perguntei.

- Só estava me perguntando por que você não usa mais seus cabelos soltos. – disse dando de ombros.

- Hum... – disse. – Sabe, nem eu mesma sei por quê.

Saímos do quarto e fomos para a secretaria sem dizer mais nada.

Chegamos a secretaria e a diretora já estava nos esperando.

- Senhor e senhorita Lisli. Sentem-se, por favor. – disse assim que chegamos.

Eu e Daniel nos sentamos e houve um momento de desconforto.

- Bom... – disse a senhora Carmem, esclareceu a garganta e continuou. – Como já sabemos a senhorita Lisli é uma usuária de ar. E é muito poderosa tendo em vista que ainda é muito nova e já consegue, levitar...

- Apesar de não ter a mínima ideia de como eu faço isso. – disse interrompendo-a.

- Sim. – disse ela. – Mas o ponto é que não sabemos nada a respeito de como tanto poder possa ter surgido em uma vampira tão nova e que a senhorita passou um dia inteiro desacordada e não sabemos o porquê.

Novamente houve um momento de silencio desconfortável.

- Possivelmente possa ser um efeito de ter tanto poder. – disse Daniel quebrando o silêncio. – Esse esgotamento físico pode ter sido em função de ter muito poder.

- Sim, mas de qualquer forma não sabemos exatamente o motivo. Pode ter sido em função do poder ou não. – rebateu Carmem.

Será que eu estava doente?

Ah, claro que não!

Vampiros não ficam doentes. Dãã.

Mas então o que estava acontecendo comigo?

- Então já que não sabemos realmente o porquê; deveríamos reduzir as aulas de Melany. Principalmente defesa pessoal, que é a mais exigente com o corpo.

- Ao contrario senhor Lisli. Deveríamos aumentar a carga horária das aulas de defesa pessoal, justamente por exigir mais do corpo. Muito poder pede um corpo bem preparado e forte para conseguir lidar com o que possa acontecer com ele.

Eles estavam falando de mim como se eu não estivesse ali, pode?

Eles continuaram discutindo. Toda vez que eu tentava falar um deles me interrompia. Parecia que era de propósito. Eu já estava ficando de saco cheio!

Depois do que pareceram horas, eles finalmente se decidiram.   

- Então fica decidido que a senhorita Lisli, fará aulas extras de defesa pessoal depois do horário e também fará aula de magia no lugar da aula de dança. Certo? – disse a diretora

Aí eu me revoltei! Como assim eles iam tirar a única aula que eu gostava?

- Não, não e não. – disse literalmente batendo o pé. - Eu não vou deixar de fazer as aulas de dança.

- Mel, seja racional... – começou dizer Daniel.

- Eu estou sendo. A aula de dança é a única que eu faço com prazer. Se vocês me tirarem isso eu vou enlouquecer de vez! – disse.

- Ninguém disse que você está louca senhorita Lisli. – disse Carmem calmamente.

- Melany, me chame de Melany. – disse. – E eu posso não estar louca, mas certamente é o que parece. Qual é? Eu fiquei um dia descordada, depois de ter uma dor e uma queimação no corpo que eu pensei que estivesse pegando fogo. Depois eu acordo como se nada estivesse acontecido. Seu eu não estou louca eu estou no caminho.

Eles me olharam em choque.

- Você não falou dessa dor e queimação para enfermeira. – disse a senhorita Carmem. Não era uma pergunta.

- Não. – respondi do mesmo jeito. – Não disse.

- Mel, você não esta louca. Vampiros não ficam loucos. – disse Daniel.

- Tudo bem, tudo bem, vampiros não ficam loucos, mas vocês não podem tirar a única aula que eu me interesso. – disse decidida. Eles não iam conseguir me convencer.

- Então você terá aulas extras de magia no lugar de filosofia. Ok? – disse Carmem.

- Sim, ok. – disse claramente satisfeita. – Eu vou voltar para as aulas hoje?

- Não. – disse a senhora Carmem. – Você voltará amanhã.

- Então vou voltar para o meu quarto. - disse me levantando.

- Claro, querida. – disse ela.

- Obrigado senhora Carmem. Com licença. – disse Daniel.

Eu dei um breve aceno com a mão.

Eu e Daniel saímos da secretaria e fomos em direção ao dormitório. Antes de entrarmos Daniel se deteve e disse com uma expressão seria e voz firme:

- Mel, eu preciso voltar paro o Rio, mas se acontecer alguma coisa, qualquer coisa, você pode me ligar. Se você achar que é demais pra você e que você não está agüentando é só falar que eu venho te buscar imediatamente.

- Tudo bem. – disse simplesmente.

- Mel, me prometa que você vai ligar e que não vai me esconder nada só para eu me sentir melhor.

- Eu prometo.

Ele me olhou por um longo momento.

- Ok, então tchau. – disse.

Antes de ir ele me deu um longo e forte abraço e um beijo na bochecha.

- Tchau, pai.

Ele se virou e foi, mas então se virou bruscamente como se estivesse acabado de lembrar de algo.

- Ah! – disse ele. – Eu trousse seu violão. Está no seu quarto.

- Obrigado pai. Te amo.

- Também te amo querida. – disse e foi embora.

Acho que meus olhos estavam brilhando por que enquanto ia para o meu quarto o mais rápido que podia e tropecei em Isabel, ela me dedicou um sorriso enorme.

- Mel. – disse me abraçando. – Que bom que você acordou. E você parece muito feliz.

- Eu estou. – disse.

- Aonde você vai com tanta pressa?

- Para o meu quarto. – disse. – Vem comigo.

- Claro. É tão bom ver que você esta bem. Nós ficamos muito preocupados. Ninguém sabia o que ia acontecer nem o que você tinha. – disse ela cautelosa.

- Então vocês não sabem mais do que eu. – disse encolhendo os ombros.

- Como assim, você não sabe o que você tem? – perguntou ela com uma expressão de desconfiança.

- Na verdade eu sei o que eu tenho. – fiz uma pausa considerando. – Bom o certo seria dizer que eu sei o que eu não tenho.

- Como assim? Não entendi. – agora ela estava claramente confusa.

- Aí é que está nem eu. Acontece que ninguém sabe o que aconteceu. Só o que se sabe é que eu não tenho nada aparentemente.

Nós ficamos em silencio por um momento.

Percebi que tínhamos parado de andar. E lembrei que meu violão me esperava no quarto.

- Vem. Vamos logo.

Chegamos no quarto e meu violão estava em cima da minha cama.

Como eu não o vi lá?

Eu definitivamente precisava relaxar!

- Ah, o violão chegou. Você bem que podia tocar um pouquinho. – disse Isabel com os olhinhos brilhantes.

- Talvez mais tarde. – disse. – Agora você não queria ver minhas lingeries?

- Sim, sim. Mas é melhor eu chamar a Carol primeiro se não ela mata a gente.

Nós rimos e enquanto ela ligava para a Carol eu ia pegando as lingeries e colocando-as em cima da cama.

Carol chegou ao quarto alegremente.

- Até que enfim, Mel! Que bom que você esta bem. – disse me abraçando e quando viu a cama arfou e disse: - E essas lingeries! Vamos, vamos vê-las.

Sentamos na cama e comecei a mostrar as mais básicas. Primeiro um conjunto preto, o era sutiã com bojo e sem as alças e a calcinha era com bolinhas brancas e renda também branca presa em todas as costuras.

Mostrei também dois sutiãs com o bojo recoberto de renda, um era vermelho e o outro branco, e outro sutiã preto somente de renda sem bojo.

Elas amaram um sutiã branco estampado com um monte de palavras - tipo, amor, paquera, beijo – que tinha as alças rosa.

Tinha um conjunto cor-de-pele, o sutiã tinha um bordado de flores também cor-de-pele na borda do bojo e a tanga também era bordada com flores na frente.

Eu tinha até um espartilho para ocasiões especiais!

O espartilho era vermelho recoberto por renda preta. Muito sexy!

E foi esse mesmo espartilho que Isabel pegou com uma expressão maliciosamente desconfiada.

- Mel, para que você tem espartilho deste? – perguntou com a voz também maliciosamente desconfiada.

Nesse momento Carol olha o que Isabel tem nas mãos e adota a mesma expressão.

- Para nada. – disse ingenuamente.

O que não funcionou.

- Ah, Mel! – disse Carol. – Você compra um espartilho vermelho super hiper mega power sexy para nada?! – disse cética.

- Ok, tudo bem. – disse me rendendo. – Ele é para as ocasiões especiais. Mas... – disse assim que Carol começou a abrir a boca. – eu ainda não o usei, por que ainda não houve nenhuma ocasião especial.

- Uhum sei. – disse Isabel com um sorrisinho de canto de boca.

- Hei, é serio! – falei rindo.

- Então por que você está rindo? – perguntou Carol.

- Por que a ideia de eu usar esse espartilho é engraçada até pra mim.

Elas estreitaram os olhos juntas, mas depois sorriram e Carol disse:

- Ok, mas quando você achar a ocasião especial você conta para a gente, tudo bem?

- Sim, sim, tudo bem.

Continuei a mostra para elas as lingeries.

Nós rimos e nos divertimos bastante por um longo tempo.

- Meninas, vamos ao refeitório? – disse Isabel. – Eu não almocei hoje e preciso comer alguma coisa.

- Claro. – eu disse. – Eu também não como há... – pensei por um minuto.

Há quanto tempo eu não comia?

- Eu nem sei por quanto tempo eu fiquei sem comer. – completei.

- Bom, então vamos. – disse Carol.

Saímos do dormitório e fomos para o refeitório. Já era hora do jantar para os dampiros, então o refeitório estava cheio deles. Havia também vampiros, mas eram poucos.

E surpresa, surpresa!

Todo mundo me encarava. Mas eu não abaixei a cabeça.

Andei pelo refeitório como se nada tivesse acontecido. Fui até a fila do buffet peguei a uma comida leve, um copo de suco e fui para a mesa junto com as minhas amigas.

Enquanto eu andava para a mesa, passei pela mesa de Alex, que não comia nada só tinha um copo na sua frente, aquele dampiro dos olhos cor de mel estava lá também junto com mais um monte de caras. Alex me olhos nos olhos sorriu e disse:

- Oi, Mel!

- Ola, Alex. – respondi com um sorriso tímido e segui as meninas que já estavam quase chegando a mesa.

A nossa mesa era retangular com duas cadeiras de cada lado.

Isabel sentou de costa para a mesa de Alex. O que, só para variar, eu não entendi. Ela parecia nunca se cansar de olhá-lo. Carol sentou de frente para Isabel e eu sentei ao lado de Carol.

Enquanto comíamos ficamos em silencio até que Marcelo chegou, sabe Deus de onde, dizendo:

- Mel!

Olhei para cima e vi Bruno e ele vindo em nossa direção. Marcelo com uma bandeja na mão e Bruno só com um copo.

Forcei um sorriso.

- Marcelo... Bruno. – disse cumprimentando-os em voz baixa.

Marcelo sentou na cadeira que sobrava, ao lado de Isabel, e Bruno pegou uma cadeira da outra mesa e sentou conosco.

- Mel, que bom que você saiu daquela enfermaria. – disse Bruno. – não deixavam a gente entrar para ver você.

- Não perderam nada. Estive desacordada todo o tempo.

- Você está bem? – disse Bruno preocupado.

- Sim estou.

- Mel, desculpa perguntar, mas o que você tem? – disse Marcelo cautelosamente.

- Nada. – respondi.

- Nada? – disseram Marcelo e Bruno ao mesmo tempo.

- Sim, nada. – respondi. – A gente pode falar de outra coisa?

- Claro. – disse Bruno.

- Então, primeiro eu quero saber por que a Isabel esta sentada de costa para o Alex? – disse.

Ela me olhou nos olhos por um instante e voltou a desviar o olhar.

Ninguém disse nada. O que podia ter acontecido?

- Anda! Desembucha logo. – disse encarando Isabel.

Ela não falou nada. Virei-me para Carol.

- Então o que aconteceu que eu não sei? – exigi.

Ela também não disse nada.

- Ninguém vai me dizer? – quis saber.

Finalmente Isabel me olhou disse:

- Ele está praticamente namorando a Ester Butzz. – disse em voz baixa e triste.

- Quem é Ester Butzz? – perguntei indignada.

Como ele pode fazer isso com a Isabel? Ok eu sei que eles não tinha nada, mas mesmo assim.

- Aquela garota que está indo em direção a ele agora mesmo. – disse Carol.

Olhei para a direção a Alex e vi uma vampira indo em sua direção sorrindo.

Ela era branca, baixa, magérrima, olhos castanhos, cabelos lisos loiros curtos com uma franja na altura da orelha e luzes castanho-claras. Usava uma blusa rosa, uma calça jeans azul justa - o que não ficava bem com suas pernas finas de mais -, um tênis preto com rosa e uma maquiagem preta.
Primeira conclusão sobre ela? Estranha.

Percebi que Alex não estava muito entusiasmado com a chegada sua nova quase namorada.

- Quase namorando não quer dizer que está namorando. – eu apontei.

,- O negocio é que não é só por que ele esta quase namorando. É por que eles esta quase namorando a Ester. – disse Marcelo.

- E o que tem essa ‘uma’ de especial? – eu disse.

- É que Ester era uma das melhores amigas da Isabel. – disse Carol. – E quando ela soube que Isabel gostava do Alex ela começou a dar em cima dele.

- Mas que filha da p...

- E disse que não ia descansar enquanto não ficasse com ele e que ia fazer questão que a Isabel soubesse. – disse Carol me interrompendo.

- Mas por que ela fez isso? – perguntei.

- Ninguém sabe. Ela começou a dar em cima dele e a espalhar um monte de merdas da Isabel por aí. – disse Bruno.

- No dia seguinte que eu contei para ela que eu gostava dele ela começou a brigar comigo do nada. Disse que nenhum cara em sã consciência no mundo ia querer ficar comigo, que ia me mostrar que era melhor do que eu e esfregar na minha cara que quando ela ficasse com ele. – disse Isabel, sua voz era só um sussurro triste.

- Eu já estou começando a ficar com um ódio mortal dessa garota. – disse estreitando os olhos.

Depois disso o silêncio caiu.

Alguns minutos depois Carol disse:

- Mel?

- Hum? – disse sem levantar o olhar do meu prato.

- Por que o Marco delicia está te encarando? – disse Carol.

- O que? – disse olhando pra ela.

- Por que o Marco delicia está te encarando? – repetiu ela pausadamente.

- Quem é esse? – disse arqueando uma sobrancelha.

- O dampiro mais perfeito do mundo. – disse ela.

- Onde?

- Na mesa junto como Alex. – disse Carol exasperada. – Você está cega, Mel?

Olhei para frente e vi aqueles olhos cor de mel me encarando intensamente.

Desviei o olhar.

- Hum... – disse fingindo desinteresse. – Não sei.

Todo mundo me encarou.

- O que? – disse inocentemente.

- Como assim ‘o que’? – disse Isabel.

- Não estou entendendo.

- Você falou do Marco delicia com total desinteresse. – disse Carol.

- E daí? – perguntei inocentemente.

- É que todas as garotas dessa academia babam por ele. – disse Bruno.

- Ridículo. – disse Marcelo.

- Hei, ele é o Marco delicia. – disse Carol como se isso explicasse tudo.

- Aí delicia é sobrenome? – não resisti, tive que perguntar.

- MEL... – Carol praticamente gritou. E obviamente todo mundo olhou.

Então mais calma disse:

- Delicia não é sobrenome, Mel. Ele é que é uma delicia. Você já viu aquele corpo?

- Oh, sim entendi. – disse com indiferença de novo.

Os meninos viraram os olhos, Isabel riu e Carol me encarou.
Leia Mais...
1

Capitulo Quatro

Eu não acreditava no que estava acontecendo!

Não impressão de que o quarto estava mais baixo eu é que estava levitando a mais ou menos 1,5m da cama!

Isso mesmo levitando!

Continuei gritando, desesperada. Tentei volta pra cama mais não consegui, eu não sabia nem como eu consegui essa proeza de levitar! E o que é pior minha cabeça doía mais a cada segundo. Se é que isso fosse possível.

De repente a porta se abriu.

- Mel, o que...? – disse Isabel.

Olhei para a porta e vi Isabel, Sandra, a monitora, e mais um monte de garotas se amontoando na porta aberta, com a expressão de choque extremo.

E do nada minha cabeça parou de doer, e eu caí levemente na cama. Sim levemente. Como se fosse uma pluma caindo sobre uma superfície plana.

- Ok, meninas acabou o espetáculo! Pode todo mundo voltar para os seus quartos. – disse a monitora e virou para mim. – Você esta bem querida?

- Sim. – disse fracamente.

- O que aconteceu? – disse suavemente.

- Eu... eu não sei. Eu estava dormindo e do nada quando eu acordei minha cabeça parecia que ia explodir e... e eu tentei levantar, mas eu já estava no ar e... e eu fiquei aterrorizada e comecei a gritar e de repente, assim com veio a dor passou. – disse numa voz baixa e cansada.

- Tem certeza que não esta sentindo dor nenhuma? – disse ela com uma voz preocupada.

- Sim, só estou um pouco cansada.

- Bom mesmo assim acho melhor te levar até a enfermaria.

- Não precisa. Eu só estou um pouco cansada. Não está doendo. – disse. – Eu só preciso descansar, amanhã eu estarei bem melhor.

Ela me mediu durante um momento. Então suspirou e disse:

- Ok. Mas você, por favor, vá a enfermaria se sentir alguma coisa. Eu falarei com a diretora. Ela deve ligar para o senhor Lisli.

- Ok. Muito obrigado senhora Sandra.

- De nada, querida! – dizendo isso ela saiu e fechou a porta.

Logo depois que ela saiu eu voltei a dormir. Mas desta vez sem sonhos.

No outro dia eu acordei como se nada tivesse acontecido. Nenhum vestígio da dor. O único detalhe era que eu estava super atrasada!

Tomei um banho correndo. Enquanto eu vestia o uniforme coloquei um copo de sangue para esquentar.

Assim que eu terminei de me vesti tomei o sangue, escovei os dentes fiz uma maquiagem bem básica, pendi o cabelo em um rabo-de-cavalo calcei minhas sapatilhas, peguei minha mochila, cortei a respiração, para não ofegar, e sai correndo.

Quando eu cheguei, a sala de aula já estava cheia e o professor já estava lá também.

Pedi licença e entrei. Todos me olhavam. Pelo visto todo mundo já sabia do meu pequeno showzinho de ontem a noite.

Que ótimo! Agora ia ficar todo mundo me olhando com se eu fosse um rato de laboratório.

Fui em direção a mesa que eu tinha sentado no dia anterior calmamente. Foi então que eu vi um par de olhos cor de mel me encarando.

Ahãn? Como assim? Ele esteve ali ontem a aula inteira e eu não o vi?!

Desviei o olhar e me afundei na minha cadeira.

Não prestei nem um pingo de atenção na aula. Minha cabeça estava fervendo de tantas perguntas.

O que aconteceu? Por que a minha cabeça tinha doído tanto? E o mais importante, como eu consegui levitar daquele jeito?

Perguntas, perguntas e mais perguntas, mas nada de respostas.

Frustração. Esse era o sentimento dominante em mim no momento.

Quando o sinal tocou eu fui a primeira a sair. Eu praticamente saí correndo.

Já estava no meio do caminho quando ele me chamou.

- Mel!

Olhei pra trás e vi Alex se aproximando de mim e junto com ele estava o dampiro dos olhos cor de mel, que alias, até agora eu não sei o nome dele. Mas enfim, não era hora para apresentações e precisava ir.

- Depois a gente se fala Alex. – disse e voltei a correr.

Fui a primeira a chegar na aula de magia elementar e a professora Catherine parecia que estava me esperando, por que quando eu cheguei ela disse:

- Senhorita Lisli, venha comigo até a secretaria, por favor.

Chegamos a secretaria e tinha duas pessoas alem da diretora Carmem. Um dampiro e uma vampira.

O dampiro era o senhor Mark, professor de defesa pessoal, nunca tinha reparado nele para dizer a verdade. Mas ele era alto, forte, musculoso, pele morena olhos azul-claro, cabelo preto curto, e estava vestindo uma calça jeans e uma camisa social azul de meia manga.

A vampira era baixa, pele branca, cabelos loiros cacheados na altura dos ombros, olhos castanhos, e estava vestida com um vestido preto básico.

- Quando Sandra me falou o que aconteceu ontem a noite, resolvi chamar o professor Scabio e a professora Karla Marques, para que possamos conversar sobre o ocorrido. E Spittle, já que ela é sua professora de magia elementar. – disse Carmem assim que eu entrei. – Sente-se querida. Já mandei avisar o senhor Lisli.

- Está bem. – disse me sentando.

Eu estava meio que em choque. Não esperava isso.

- Poderia nos dizer o que ocorreu exatamente ontem, senhorita Lisli? – perguntou Karla.

- Melany. Chame-me de Melany ou Mel, por favor.

- Como quiser Melany. – disse Karla gentilmente.

- Então o que aconteceu? – perguntou Mark. – Como você passou o dia?

- Eu... er... bem. Eu passei o dia bem.

- Você sentiu algo diferente? – perguntou Catherine.

- Bom eu me senti um pouco cansada, sabe? Não fisicamente e sim mentalmente. Depois da aula de hipismo eu fui direto para o meu quarto cai na cama e apaguei. Aí quando eu acordei minha cabeça parecia que ia explodir e quando fui apoiar a mão na cama pra levantar já não estava mais na cama. Minha cabeça doía mais a cada segundo que passava, mas aí depois a dor passou, como se eu não tivesse sentido absolutamente nada.

- Você é usuária de ar. – disse Karla.

- Sou?

- É. – disse ela. – É a única explicação. Apesar de que somente usuários de ar muito antigos e poderosos podem fazer esse tipo de coisa. – ela pensou durante um momento e logo disse: – Quantos anos você tem?

- Cinquenta e cinco. – disse.

- Só? – perguntou incrédula.

- Sim.

O silencio caiu.

Todos ficaram me olhando. E eu me senti exatamente como um ratinho de laboratório.

Queria sair correndo dali e ligar para Daniel vir me buscar.

- Você é poderosa Melany. – disse Karla quebrando o silencio. - Com a sua idade você não deveria consegui fazer esse tipo de coisa.

Obrigado pela parte que me toca. – pensei ironicamente.

- E quais as consequências disso? – perguntei séria.

- Você vai ter que treinar para dominar esse poder e não só com a mente. Seu corpo também precisa ser trabalhado e ficar mais forte para poder conseguir lidar com as possíveis consequências que esse poder pode trazer a ele.

- Então fica decidido o seguinte: a senhorita Lisli terá aulas especiais com a professora Karla e fará treinamentos extras para fortalecer o corpo. – disse a diretora.

- Eu vou pedir um dos meus melhores alunos para ajudá-la com os treinamentos extras. – disse Mark.

- De acordo senhorita Lisli? – pergunto Carmem.

- Sim. – respondi.

Como se eu tivesse alguma escolha.

Quando saí da secretaria, pulei a aula de literatura e fui direto para o vestiário me trocar para a aula de defesa pessoal.

Fantástico! Agora mesmo é que o Mark vai pegar no meu pé.

Entrei no ginásio e só pra variar a turma inteira estava me encarando. E entre eles vi aquele par der olhos cor de mel.

Mas que merda! Será que ele estava em todas as minhas aulas e eu não tinha reparado?

Fui direto falar com Mark. Ele estava com um grupo de uns cinco alunos conversando sobre sei lá o que.

- Senhor Scabio?

- Sim. – disse virando-se para mim. – Oh, senhorita Lisli...

- Melany, me chame de Melany, por favor.

- Ok, Melany. Bom hoje você vai trabalhar com musculação.

Ele foi andando até a área de musculação e eu o segui. Podia ver todos fingindo não me olhar.

O que será que eles estavam pensando? Será que eles pesavam que eu era uma vampira ‘super’ que conseguia levitar ou uma vampira patética que grita igual uma louca só porque levita?

Bom, de qualquer jeito eu tinha que aprender a controlar logo o ar. Não queria mais sentir como se minha cabeça fosse explodir toda vez que eu usasse meu elemento.

Suspirei.

- Você vai correr trinta minutos na esteira e fazer trinta minutos de levantamento de peso. – disse ele. – Eu vou estar com o resto da turma. Se precisar de alguma coisa é só me chamar.

Nossa! Como estamos delicados e prestativos hoje.

- Ok. Obrigado. – disse.

- Não tem de que.

Ele voltou para a área de aula e fui para a esteira. Será que eu ia fazer isso todas as aulas? Se fosse estava ótimo. Melhor do que combate corpo a corpo com todo mundo me encarando.

Comecei a correr.

Enquanto corria me ocorreu que eu ainda não tinha falado com Daniel. Ele deveria estar muito preocupado comigo. Eu estava muito preocupada comigo. Depois da aula eu ia ligar para ele.

Do nada, no meio da corrida, meu de vontade de cantar e tocar meu violão. Mas como meu violão não estava aqui, decidi só cantarola.

Eu gostava muito de musica, principalmente musica brasileira. Na verdade eu gostava de todo tipo de musica e não conseguia viver sem ela.

Eu estava tão distraída correndo de olhos fechados e cantarolando que quando Alex falou comigo eu literalmente dei um pulo de quase dois metros... Ok dois metros talvez seja exagero, mas você captou a mensagem.

- Hei, Mel... Calma!

- Você quer me matar do coração?

Ele riu. Riu até eu me da conta do que eu tinha falado.

- Como se vampiros pudessem morrer do coração. – disse ele e continuo rindo.

Dei um tapa nele.

- Você entendeu o que eu quis dizer.

- Sim, sim entendi. – disse e continuou rindo.

Olhei para ele de cara feia.

Ele parou de rir abruptamente e me encarou sério.

- Desculpe, não queria aborrecer a usuária de ar mais poderosa da academia.

- O que?

Agora eu estava confusa.

Como assim eu era a usuária de ar mais poderosa da academia?

- Ah, qual é Mel? Você levita!

- Grande coisa.

- Mel...

- Alex. – gripou Mark. – Deixe Melany treinar e volte para aula.

- Depois a gente conversa. – disse saindo.

Terminei o meu treinamento e fui para o vestiário me trocar.

Não estava com fome, então ao invés de ir para o refeitório decidi ir para o meu quarto ligar para o Daniel.

Saindo do vestiário encontrei Alex me esperando.

- Mel a gente pode conversar agora? – disse ele.

- Pode, mas eu não vou para o refeitório vou pro meu quarto.

- Não esta com fome?

- Não e eu preciso falar com meu pai.

- Seu pai? – perguntou elevando uma sobrancelha.

- É como eu chamo Daniel.

- Ah, ta. Então eu vou com você.

- Vai?

- Vou. Por que algum problema?

- Não, é só que... – eu disse sem jeito. O que as pessoas iam pensar se ele fosse pro meu quarto sozinho comigo? Pior o que Isabel ia pensar?

- Mel... – disse ele meio sem jeito também. – Você sabe que nos somos só amigos, não é?

- Claro!

O que ele estava pensando? Que eu estava afim dele? Ok é bem possível que ele pensasse já que todas as garotas dessa academia parecessem cair aos seus pés. É ele passar e elas babarem. O que me deixou pensando... Será que com aquele lindo dampiro dos olhos cor de mel também era assim?

Claro que era. O que eu estava pensando? Ele era mais que perfeito. Todas as garotas devem suspirar por ele.

Suspirei.

Ah, não até eu?

- Então o que tem eu ir no seu quarto? – disse Alex me tirando dos meus pensamentos.

- E que...

Não consegui terminar.

Do nada, minha cabeça começou a queimar, meus músculos a arderem e eu quase podia sentir minha pele quente, como se estivesse com febre. Isso é claro se não fosse pelo fato de que vampiros não têm febre.

Coloquei as mãos na cabeça numa tentativa inútil de fazer a dor parar. Abri os olhos e vi Alex me olhando com cara de espanto.

Cai de joelhos no chão de piso ainda com as mãos na cabeça. Então tudo começou a rodar. Fui vagamente consciente de Alex chamando o meu nome e de mais pessoas se aproximando. Mas aí eu já não podia ver nada. Afundei na escuridão.
Leia Mais...
 
Amor & Sangue © Copyright 2010 | Design By Gothic Darkness |