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CAPITULO DOIS

domingo, 21 de novembro de 2010.
Eu estava dentro do carro com Daniel, no estacionamento da Academia São Francisco. Irônico não? O nome de uma academia para vampiros e dampiros com nome de um santo! Principalmente levando em consideração o fato de que os humanos nos acham criaturas malignas.

Eu passei o caminho inteiro, com o fone do meu Ipod no ouvido, maliciosamente tentando achar um jeito de convencer Daniel a me levar de volta pra casa com ele. Eu estava me preparando pra falar quando Daniel me olhou nos olhos, suspirou e disse:

- Senhorita Melany Lisli, não adianta você tenta me convencer a ti levar para casa, por que você sabe que não vai consegui. Nós já conversamos sobre isso milhares de vezes e você sabe que é o melhor pra você.

Virei o rosto pro outro lado. Droga! Como ele adivinhou? Eu sou tão transparente assim? Não, provavelmente é por que ele me conhece muito bem.

Aí eu vi varias pessoas se cumprimentando, se abraçando, dando risada... E então e percebi que eu era a ÚNICA aluna nova dessa academia. Entre pânico. Minhas mãos começaram a tremer, meu coração acelerou, meus olhos se arregalaram e minha boca se abriu. Eu tive que tentar lembrar-me de como me mexer. Eu virei pra olhar Daniel e quando ele ia falar eu o cortei.

- Daniel pelo amor de Deus, não me deixa aqui sozinha – eu disse com os olhos cheios de lagrimas. – Por favor. – eu sussurrei.

Ok, eu sei que eu sou um pouquinho dramática as vezes, mas fazer o quê?

Daniel olhou pra mim com choque e pesar nos olhos.

- Mel, você sabe o quanto dói pra mim te deixar aqui, como dói não poder ficar e cuidar e você. – ele disse. Sua voz não passava de um sussurro. – Mas é o melhor pra você, eu prometo que vou te ligar todos os dias. Você não vai ficar sozinha, você vai fazer amigos.

Eu olhei pra ele e vi a única pessoa em quem eu confiava, a única pessoa que eu conhecia de verdade, a única pessoa que eu sabia que me amava e sempre iria fazer o que fosse melhor pra mim. Então uma lagrima caiu na minha bochecha, e Daniel, que era como um pai para mim, assim como eu uma filha para ele, a enxugou. Ele sorri um sorriso triste e disse:

- Agora vai, Mel. Você é forte, você vai conseguir e eu sempre estarei aqui quando você precisar.

Eu respirei profundamente três vezes, olhei no espelho pra checar a maquiagem, peguei a bolsa e abri a porta do carro. Quando eu saí Daniel disse:

- Boa sorte, Mel, eu te amo!

- Também te amo, pai!

Eu sorri, fechei a porta e virei pra encarar o meu novo mundo.

Respirei profundamente mais uma vez e fui andando decidida e confiante.

Por onde eu passava as pessoas me olhavam. Mas isso não era só pelo simples fato de eu ser nova na Academia. Isso era também pela minha aparência, e eu sabia disso perfeitamente. Vampiros não são pálidos e podem pegar sol, porém vão ficando mais claros se não ingerem a quantidade de sangue ideal por dia. Mas eu por alguma razão desconhecida não sou assim, - não que eu conte isso para alguém – eu independente de ingerir sangue ou não continuo com o mesmo tom de pele. Isso é estranho eu sei. Além disso, eu tenho uma aparência bem diferente das outras pessoas – vampiros, dampiros ou humanos. Eu sou morena clara mais ou menos 1,68m de altura, cabelos levemente ondulados no meio das costas, cor preto-azulado, olhos verde-mar, corpo definido, curvas acentuadas e para ‘ajudar’ estava vestida de calça jeans justa preta, uma blusa sem mangas rosa bebê, sapatilhas pretas, cabelo amarrado num rabo-de-cavalo, uma maquiagem leve, brincos pequenos de prata e um colar também de prata com um pingente de diamante em forma de estrela.

Modéstia pouca é bobagem!

Eu sou linda!

O estacionamento ficava no lado esquerdo do prédio principal. Enquanto caminhava para o prédio principal, onde ficava a diretoria, fui observando as coisas.

A academia tinha uma arquitetura meio gótica, com picos elevados e abóbadas sustentadas por pilastras e colunas. Os muros eram excessivamente altos, com cerca elétrica, câmeras de segurança e, eu suspeitava que do lado de fora tivesse sensores de movimento. O caminho para o prédio principal era feito de pedras rústicas cercada por grama, dos dois lados havia jardins com flores brancas e vermelhas.

Cheguei à secretaria, cumprimentei a secretária e pedi pra falar com a diretora.

- Pode entra querida – disse Hellen à secretária. – Ela esta esperando você.

- Obrigada.

Daniel insistiu para que eu falasse com a diretora antes que fazer qualquer outra coisa. Pelo que ele me disse ela ia me fazer umas perguntas de entregar o meu horário.

Bati na porta e entrei. A sala era grande, paredes de cor gelo, um armário de madeira escura, uma mesa grande da mesma madeira no centro da sala com uma cadeira giratória atrás dela - que parecia muito confortável por sinal -, um lindo lustre no centro do teto, computador e uma pilha de papel em cima da mesa, porta-retratos e duas cadeiras em frete a mesa.

- Com licença.

- Senhorita Melany Lisli. Eu sou a diretora Carmem. Sente-se querida. – disse ela numa voz calma.

- Obrigada senhora Carmem.

Ela remexeu uns papeis e disse:

- Bom, senhorita Lisli, o senhor Lisli disse que você fala, francês, italiano, inglês e espanhol, certo?

- Sim.

- Disse que você estudou em uma escola humana, que ele mesmo a ensinou sobre biologia, geografia, artes, história, química, física, matemática, entre outras disciplinas, que você se formou recentemente num curso de paisagismo. E que você ainda não se especializou, certo?

- Sim, certo.

- Então vejamos... – disse virando para o computador e digitando algumas coisas. Depois de alguns minutos ela disse:

- Você já praticou algum exercício físico?

- Só dança. _Tecnicamente dança é um esporte. Não é?

Ela voltou pro computador e depois de mais alguns minutos imprimiu um papel e me deu.

- Senhorita Lisli, esse é o seu horário... – abriu a gaveta tirou mais um papel e me deu também. – Esse é o mapa da escola. A Senhora Hellen irá acompanhá-la até o dormitório.

- Obrigada, senhora Carmem. – disse estendendo a minha mão.

Ela pegou a as balançamos por alguns segundos, depois ela disse:

- É muito bom ter a senhorita aqui, espero que goste da Academia São Francisco. Qualquer coisa pode vir falar comigo eu estarei feliz em ajudar.

- Obrigado.

Quando eu ia saindo ela me chamou:

- Senhorita Lisli?

- Sim?

- Não se preocupe você ira se especializar em algum elemento.

- Obrigada.

Sorri um sorriso tímido e saí. Quando eu já tinha fechado a porta eu enfiei os papeis que ela me deu na bolsa sem nem me incomodar em olhar.

- Por aqui. Vamos? – disse a secretaria acenando com a mão.

Eu sorri e fui.

Nós saímos do prédio principal e fomos andando pelos jardins de trás, que eram tão lindos quanto os da frente todo floridos em branco e vermelho. Chegamos ao dormitório, subimos três lances de escada e paramos em frente a uma porta de madeira escura como todas as outras e na porta tinha o numero 356.

- Esse é o seu quarto, querida, o outro prédio é o dormitório masculino, visitas são permitidas até as dez e meia da noite e se você precisar de alguma coisa é só chamar a monitora Sandra. – ela disse me entregando a chave.

O que é que ela acha que eu vou fazer no dormitório masculino?

Será que ela não percebeu que eu não conheço ninguém aqui?

- Obrigada. – eu disse.

Ela sorriu e foi embora, enquanto eu encarava a porta do quarto.

Respirei fundo e abri a porta.

Entrei no quarto e fechei a porta. O quarto era maior do que eu imaginava.

Paredes em tom azul-claro, uma janela grande com uma cortina azul-escuro, um guarda-roupas grande de madeira preta, uma cama de casal - sim casal – feita com a mesma madeira do guarda roupa e com um edredon também azul-claro, no mínimo uns cinco travesseiros bem convidativos, um frigo-bar e um micro-ondas.

Não entendi nada!

Curiosa, fui ver o que tinha no frigo-bar.

Eu esperava tudo, menos bolsas de sangue, daquelas de hospital, sabe?

Pois é, então eu entendi o porquê do micro-ondas. Se tiver sangue no frigo-bar tinha que um lugar pra esquentar. Estranho, mas muito melhor do que caçar, com certeza.

No quarto havia também um banheiro de tamanho razoável, com um espelho quase do meu tamanho. Minhas coisas tinham sido mandadas pra cá antes de eu vir e estavam todas em caixas, só as roupas que estavam em malas que, aliais, eram muitas.

Daniel me fez comprar tudo novo, ele disse que eram “coisas novas para uma vida nova” e ele fez questão de ir comigo. Ele disse que era para ter certeza de que eu ia levar pelo menos um vestido. Apesar de não ser muito fã de vestidos, eu concordei. Ele sempre dizia que toda mulher devia ter pelo menos um vestido no guarda-roupa.

Mas nem nos meus pesadelos mais obscuros eu imaginei que ele ia me fazer comprar SEIS vestidos, focaliza na quantidade, SEIS. Porém eu também comprei um monte de lingerie, mas um monte mesmo.

Só pra vocês saberem eu amo lingerie, chega a ser um vício, quando eu fui fazer as malas uma foi só pra lingerie, e olha que a mala não era pequena não.

Olhei para o quarto, cheio de caixas e malas. Eu ia demorar uma eternidade para arrumar aquilo tudo.

Ah! Quer saber?

Eu arrumo isso depois, agora eu vou procurar o refeitório, por que eu to morrendo de fome, e não queria sangue, meu estomago está quase colando nas costas. Mas antes eu ia pelo menos toma um banho.

Tomei o banho e decidi que eu ia vestir a primeira coisa que eu pegasse na mala. E adivinha o que eu peguei?

Um vestido, tomara-que-caia, branco com flores vermelhas, um palmo acima do joelho. Eu tinha que admitir, o vestido era bonito e como eu não ia ficar caçando roupa no meio daquele mar de malas eu decidi vestir ele mesmo.

Fiz uma maquiagem leve, prendi o cabelo de novo num rabo-de-cavalo, calcei uma sandália baixa preta, coloquei o mesmo cordão e os mesmos brincos e fui à minha busca ao refeitório. Eu nem cogitei a ideia de levar o mapa, já penso eu ter que andar por aí com cara colada num mapa? Não, não mesmo.

Depois de quase vinte minutos andando, de um lado para o outro, eu achei o refeitório. Era como todo e qualquer outro refeitório. Grande e cheio de mesas.

Andei até a fila do Buffet, e peguei um prato raso com frango grelhado, arroz, salada de verduras e legumes e joguei um pouco azeite por cima, peguei um copo de suco de morango, os talheres e coloquei tudo na bandeja.

As mesas estavam praticamente todas ocupadas, mas eu consegui achar a mesa perfeita, pelo menos pra mim. Ela estava num canto no fundo do refeitório, onde dava pra ver tudo e todos, sem ser visto. Simplesmente perfeito! Andei até a mesa com a bandeja na mão, calmamente. Alguns me olharam outros não. Sentei à mesa e comecei a observar as pessoas.

Os meninos, que já não eram nada meninos, eram até bonitos. Eu nunca me preocupei com esse negocio e amor eterno e blá, blá, blá. Até por que o único homem que eu realmente conheci que teria possibilidade era Daniel. E Daniel era o meu pai, por assim dizer.

Ainda estava observando quando vi passa um grupo de garotos muito bonitos, aí no meio deles eu o vi, o cara mais incrivelmente lindo que eu já vi em toda minha existência. Essa magnitude de beleza devia ser proibida.

Ele era um dampiro. Com certeza o dampiro mais lindo de toda a academia, ele era alto, mas alto mesmo deveria ter 1,90m de altura, a pele dele era morena, os cabelos negros e curtos levemente bagunçado pelo vento, seu corpo emanava poder e força com todos aqueles músculos definidos, os olhos dele eram com duas tigelas de mel, em um rosto de traços retos e masculino e o sorriso, e que sorriso, era o sorriso mais lindo que eu já vi. Ele estava vestindo com uma calça jeans azul, com lavagem nas pernas, uma regata cinza e um tênis preto.

Eu estava tão distraída com aquela perfeição em forma de pessoa, que eu só percebi que tinha uma menina parada ao lado da minha mesa, quando ela falou comigo.

- Oi.

Olhei para o lado envergonhada, e vi uma menina que parecia ter uns vinte anos de idade, ela era de estatura mediana, corpo normal, nem magra nem gorda, cabelos ruivos, lisos demais pra ser chapinha, até os ombros, olhos castanhos e pele rosada, vestida com uma saia jeans no meio das coxas, uma blusa vermelha, tinha uma bandeja nas mãos e um amplo sorriso no rosto em seu rosto delicado.

- Oi. – sorri timidamente.

- Posso sentar aqui com você?

- Claro.

- Eu sou Isabel.

- Melany.

Ela colocou a bandeja em cima da mesa e estendeu a mão eu a peguei e as balançamos por alguns segundos e nos sentamos.

- Você é a aluna nova que vai ficar no quarto 356 não é?

- Sim.

- O meu é o 357. Nunca entrei no quarto 356. É um dos maiores da academia e...

Ela não terminou de falar, por que um cara, vampiro, baixo, mas não muito, magro, com pele morena, olho preto, muito sorridente, vestido com uma calça preta larga e uma camisa verde com um desenho de um cara surfando, estava gritando o seu nome no meio do refeitório. Todo mundo olhou para a nossa mesa quando ela acenou e gritou de volta:

- Hei, estou aqui. – ela virou pra mim. – Você se importa se os meus amigos sentarem conosco?

- Não. – disse sorrindo. Ela sorriu de volta, mostrando as presas. Mega estranho.

Ah, qual é? Eu vivi no meio de humanos a minha vida inteira. Sempre sorri sem mostra as presas. Eu precisava de um tempo para me acostumar com isso.

Então eles chegaram a nossa mesa. O cara sorridente, uma vampira de estatura mediana, pele branca, olhos em um tom chocolate, cabelos castanho-médio enrolado um pouco abaixo dos ombros, vestida num vestido, sem mangas um palmo acima dos joelhos, lilás com um bordado de flores brancas no lado direito e abaixo do quadril. E o outro era um dampiro alto, mas não muito mais ou menos 1,80m de altura, pele branca, olhos verdes esmeralda, cabelos loiros e curtos, vestido com uma bermuda de tactel vermelha e uma camisa branca.

- Hei, Bel. – disse o sorridente e olhou pra mim. - Amiga nova?

Ela sorriu e disse:

- Galera, essa é a minha mais nova amiga Melany. Melany esses são Bruno, - o sorridente. – Caroline e Marcelo.

- Oi. – disseram juntos.

- Oi.

Ficamos conversando um bom tempo, até que Caroline perguntou:

- Melany qual seu horário.

- Não sei, a diretora me deu, mas nem abri o papel.

- Qual é o seu elemento? – disse Bruno.

- Não sei ainda. – respondi com um semblante triste. – Não me especializei.

O silencio caiu.

Então do nada Bruno disse sorridente:

- Hei, não fica assim Mel. Você vai se especializar.

- É mesmo Mel. Não fica assim. – disse Isabel.

- É mais eu já tenho 55 anos. – rebati.

- Eu me especializei em água com 62 anos, Mel. – disse Carol.

- E eu em ar com 67. – disse Marcelo.

Bruno começou a contar piada e todo mundo começou a ri e continuamos conversando.

Depois de uns vinte minutos eu suspirei e disse:

- Bom pessoal, a conversa está boa, mas agora eu tenho que ir.

- Já Mel? Ta cedo! – disse Marcelo.

- É mesmo Mel. Fica só mais um pouquinho? – disse Isabel fazendo biquinho.

- É mais eu não posso mais adiar isso. Eu tenho que arrumar o meu quarto. Ta uma bagunça! Tem caixas e malas espalhadas para tudo quanto é lado!

- Ah, então a gente podia te agudar. – disse Carol.

- Mentira! Jura?

- Claro. – disse Isabel.

- Eu to dentro. – disse Marcelo.

- Eu também. – disse Bruno.

- Muito obrigada, gente. Agora vamos, por que o negocio lá está feio.
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