Depois do jantar, nós continuamos mais um pouco no refeitório, mas logo me despedi e fui para o meu quarto.
Eu estava exausta!
Cheguei ao quarto e fui direto tomar uma ducha. A água quente ajudou um pouco a relaxar, mas não totalmente.
Quando eu deitei na cama, já cai dormindo. Em um sono sem sonhos, graças a Deus.
Acordei cedo no outro dia, e tomei um banho quente e demorado.
Saindo do banheiro vesti meu uniforme, tomei um copo de sangue, escovei os dentes, - por puro habito -, fiz uma maquiagem leve como sempre, calcei minhas sapatilhas e fui para a aula.
Eu tinha acordado como se nada tivesse acontecido. E eu estava feliz.
Cheguei à aula de alemão com um sorriso bobo nos lábios.
O professor ainda não estava na sala, o que quer dizer que os alunos conversavam e riam a vontade.
Sentei na mesma cadeira que eu tinha sentado nas outras aulas. Observei a sala.
Alex estava sentado com os seus amiguinhos populares. Acho que ele nem me viu entrar.
O que era bom, já que eu não queria falar do que tinha acontecido e eu tinha certeza que ele ia perguntar.
Alex fez um movimento para virar na minha direção. Eu rapidamente peguei meu caderno e um lápis e fingi esta escrevendo alguma coisa, para vê se assim ele não vinha falar comigo.
O que não deu certo.
Eu pude sentir ele se aproximando de mim e comecei a rabiscar um desenho no papel com expressão de concentração. Eu nem sabia o que estava desenhando na verdade, mas continuei com a mesma expressão.
Pude sentir Alex atrás de mim. Com certeza ele estava olhando por cima do meu ombro.
- Não te ensinaram que espiar por cima do ombro dos outros é falta de educação? – perguntei me virando para encará-lo.
Ele sorriu.
– Você desenha bem. – disse ele olhando para o desenho. – Você toca?
Olhei para o papel e vi que tinha desenhado meu violão com extrema perfeição.
- Talvez. – respondi com um sorriso sagaz.
- Eu tenho um amigo que toca. – disse ele.
- E...?
- Talvez eu apresente vocês algum dia desses. Vocês se dariam bem.
- Ah é?
- Sim.
- Por que você acha isso?
- Não sei, só acho que vocês se dariam bem.
Se for o Marco pode aposta que eu quero conhecer, pensei. Ah e me daria muito bem com ele.
Ah não, chega Melany, você na esta aqui para arrumar um namorado, repreendi-me mentalmente.
Que me fez lembrar uma coisa.
- Alex?
- Sim?
- E então como vai sua quase nova namorada? – perguntei inocentemente.
- Quem? – disse parecendo surpreso.
- Ah você sabe. A tal baixinha. Como é mesmo o nome dela? – fiz uma expressão de reflexão. – Ester, sim Ester é o nome dela, não?
- Como você sabe disso?
- As noticias correm meu amigo. – disse com a voz e a expressão misteriosa.
- Que seja. – disse ele. – E ela não é minha quase nova namorada.
- Não? Já evoluíram do quase namoro ao namoro? – perguntei inocentemente.
- Não e não evoluiremos para nada. Nós só ficamos e ela já anda dizendo por aí que nos estamos namorando!
- Então foi ela quem espalhou isso? – perguntei.
- Sim. – ele respondeu e eu pude ouvir a sinceridade em sua voz. – Ela é muito chata e eu mereço coisa melhor.
Ele sorriu e eu tive que rir também.
- Sim, você merece coisa melhor.
- É, mas eu vou ter que procurar em outro lugar, porque aqui não tem ninguém a minha altura.
- Oh, tem sim.
- Não tem não. Eu já procurei bastante.
- Talvez você esteja procurando no lugar errado.
Quando ele ia falar o senhor Fernando entrou na sala pedindo silencio. Alex me olhou por um instante, como se fosse me perguntar o que eu queria dizer com aquilo, mas então foi sentar na sua cadeira.
Ele estava com a pulga atrás da orelha.
A aula de alemão passou rápido. E quando eu estava indo para a minha aula de magia elementar Alex me chamou:
- Mel!
Olhei para trás e ele já estava me alcançando.
- Mel, o que você...?
- Alex eu estou atrasada para minha aula depois a gente conversa, ok? – eu disse interrompendo-o.
Eu queria que ele pensasse no que eu tinha dito.
Saí correndo para a minha aula.
As aulas de magia elementar e literatura passaram em um piscar de olhos.
Quando saí do vestiário e cheguei no ginásio, só o Mark estava lá o que foi bom, por que ele ia me mandar fazer os meus exercícios antes que o resto da turma chegasse e ficasse me encarando.
E foi o que ele fez.
- Melany, hoje você vai continuar com os exercícios da ultima aula. Trinta minutos de corrida na esteira e trinta minutos de levantamento de peso, ok?
Eu o encarei, finalmente alguém me chamou de Melany ao invés de senhorita Lisli.
Eu estava nas nuvens!
- Ok. – disse um pouco desconcertada.
Foi eu terminar de falar os outros alunos chegaram.
Me apressei e fui para a área de musculação.
Como aconteceu na ultima aula eu me distrai e comecei a cantarola enquanto me exercitava.
E dessa vez Alex não veio falar comigo. Acho que ele ainda estava processando o que eu disse.
A aula terminou e depôs que eu me troquei fui para o refeitório, ainda tinha gente me olhando torto e eu pude ouvir umas risadinhas, mas sinceramente? Não dei a mínima.
Quando saí da fila do buffet Carol, Isabel, Bruno e Marcelo já estavam sentados à mesa.
Fui em direção a eles e sentei numa cadeia de costas para o salão.
- Hei, pessoal!
- Hei.
- Hei.
- Hei.
- Hei.
- Isabel, tenho uma bomba pra te contar!
- O que é? – ela perguntou curiosa.
Eu estava sentada ao lado do Bruno, Isabel na minha frente, Carol no lado direito e Marcelo no lado esquerdo de Isabel.
- Adivinha!
- Não faço a mínima ideia! – respondeu ela.
- Conta logo, Mel! – disse Carol.
- Ok. O Alex...
- Chega Mel! Não quero saber sobre o Alex. – disse Isabel me interrompendo.
- Calma! Deixa-me terminar.
- Mel, eu não quero saber que ele realmente está namorando a Ester.
- Eu sei que você não quer saber. E não é isso que eu tenho para te contar.
- O que é então?
- O Alex...
- O Alex o que Mel? – disse Carol impaciente.
- Calma!
- Conta logo! – disse Bruno. – Até eu já estou curioso.
- O Alex não está namorando nem quase namorando a Ester. – disse sorrindo amplamente.
Eles me encararam.
- Como assim? – disse Marcelo. – Todo mundo está dizendo que eles estão quase namorando!
- Uh-huh, mas acontece que eu falei com o Alex, discretamente é obvio, e ele disse que ela é quem está espalhando isso por aí e que ele só ficou com ela e não está nem vai namorar ela.
- Mel, às vezes eu tenho medo de você. – disse Bruno rindo.
Eu ignorei isso.
- Bem, agora nós temos que fazer ele “enxergar” a Isabel.
- Como assim? – perguntou Isabel ainda um pouco desconcertada.
- Minha amiga, você é linda! – eu disse.
- Com certeza. – disse Carol.
- Mas...
- Mas? – disse Isabel.
- Mas nós precisamos dá up no seu visual.
- Concordo. – disse Marcelo.
Nós o encaramos.
- O que? – perguntou ele.
- Esquece! Bem, nós poderíamos fazer um dia de meninas.
- Como assim? – perguntou Isabel.
- Assim, nós, meninas – dei ênfase em “meninas” – tiramos um dia só para fazer coisa de mulher sabe? Fazer massagem nos cabelos, fazer as unhas, essas coisa. Apesar de, é claro, nós não precisarmos.
- Ótima ideia, Mel! – disse Carol.
- Isabel?
- Simplesmente amei! – disse ela.
- É, Bruno elas nos jogaram para escanteio. – disse Marcelo fingindo estar triste.
Bruno suspirou com o mesmo fingimento.
- Vocês mentem muito mal. – disse Carol.
- Também acho. – eu disse.
Isabel só balançou a cabeça em desaprovação.
Nós rimos.
O sinal tocou.
- Bem, pessoal, até mais. – disse indo para a minha aula.
Quando cheguei à sala a professora Karla já estava me esperando.
- Olá, senho... Melany!
- Olá, professora!
- Como vai? Está disposta a começar a aula?
- Claro, não vejo a hora de dominar o meu elemento.
- Ok, então vamos começar.
Começamos com exercícios de concentração e relaxamento. Até que eu consegui fazer uma leve brisa levantar os papeis que estavam sobre a mesa.
Eu vibrei!
Essa pequena evolução era como a manhã de natal pra mim.
Eu sei que eu não fiz nada de mais, mas mesmo assim eu estava em êxtase total.
Nossos exercícios continuaram do mesmo jeito concentração e relaxamento.
Eu não fiz muitos progressos, mas Karla disse que eu estava indo bem para meu primeiro dia.
Apesar disso, eu estava frustrada por não conseguir fazer mais coisas.
Quando a aula acabou eu fiz beicinho igual criança.
Eu queria aprender mais!
Quando cheguei a aula de língua portuguesa estava feliz. Não tinha conseguido muita coisa, mas estava realmente feliz.
As aulas passaram muito rápido.
Não sei se por que eu estava feliz ou por que eu estava ansiosa para começar com os treinamentos fiscos extras.
Sai da aula de hipismo e fui para o para o vestiário. Tomei um banho me troquei e fui para o ginásio ter a minha primeira aula extra de defesa pessoal.
Mark disse que meu instrutor ia ser um de seus melhores alunos.
Era o que eu esperava.
Cheguei ao ginásio e ele estava... vazio.
Eu não queria perder tempo. Já que era para eu treinar, eu ia treinar com ou sem instrutor.
Eu não sabia o que fazer então comecei a me alongar como se estivesse me preparando para uma aula de dança. Coisa desnecessária quando se é uma vampira, mas velhos hábitos nunca mudam.
Alonguei braços e pernas.
Repetia cada alongamento dez vezes e partia para outro.
Uns vinte minutos depois eu estava literalmente de bunda para cima.
Estava em pé com as pernas esticadas e as mãos no chão quando ouvi alguém se aproximando e logo ouvi uma voz baixa e calma, porem firme dizer:
- Senhorita Lisli, desculpe-me pelo atraso.
Levantei e comecei a esticar os braços, alongando-os.
- Melany, me chame de Melany. – disse sem me virar para olhá-lo.
Mas que coisa!
Será que é difícil me chamar de Melany?
- Ok, Melany, desculpe-me por me atrasar. – disse ele.
Pude perceber em sua voz que estava sorrindo.
Virei-me para encará-lo.
Quando o vi cortei a respiração para não arfar.
Deus, ele era lindo!
Ele era um vampiro alto, quase tanto quanto Marco, sua pele tinha um leve bronzeado causado pelo sol, seus olhos penetrantes eram de azul-escuro, seus cabelos eram castanhos. Vestia uma calça de ginástica, larga, preta e uma camisa sem mangas verde, que mostrava todos os seus músculos.
Eu estava começando a ter fortes suspeitas de que no mínimo 95% dos caras dessa academia eram lindos!
De onde é que eles tiravam tantas beldades?
Seria difícil me concentrar com um professor tão bom assim. Está certo ele não era exatamente o meu professor, já que ele era aluno também.
O que me fez pensar... como eu nunca o tinha visto?
Bem, eu também não tinha reparado o Marco nas minhas aulas, então...
- Meu nome é Diogo Salles – disse interrompendo os meus pensamentos. –, mas pode me chamar só de Diogo. – sorriu encantadoramente.
- Muito prazer, Diogo. – disse sorrindo também.
Ele estendeu a mão e eu a peguei, - sua pele era tão macia! – nós balançamos nossas mãos por uns segundos enquanto ele dizia:
- O prazer é todo meu, Melany. – sorriu novamente.
Sorri de volta bobamente.
Eu tinha que parar com isso!
Pelo amor de Deus! Toda vez que um cara bonito chega perto eu ficava assim.
Isso já estava ficando desconcertante!
- Vamos começar? – disse me olhando com aqueles olhos penetrantes.
- Bem, eu já meio que comecei. Não sabia o que fazer enquanto esperava então comecei a me alongar como se fosse para dançar.
- Muito bom!
- Er... obrigado! – disse um pouco tímida.
- Disponha. – sorriu.
Deus, que sorriso!
Chega Melany repreendi-me mentalmente.
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